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Arthur Nogueira faz passeio íntimo pela obra de Caetano Veloso

Ele é compositor, ele é poeta, mesmo das canções que não escreveu. Cinco anos depois de lançar um álbum abordando a obra de seu parceiro Antonio Cícero, o cantor e compositor paraense Arthur Nogueira abraça – forte – músicas do lado B de Caetano Veloso em “Sucesso bendito”, álbum lançado pelo selo Joia Moderna.

 

O álbum nasceu de uma live, no mesmo formato voz e violão, que Arthur apresentou no dia 19 de maio com a obra do compositor baiano no portal do Sesc Rio. Exatamente um mês depois Arthur entrou no Estúdio Space Blues em São Paulo e gravou dez canções com produção de Alexandre Fontanetti e consultoria artística do DJ Zé Pedro. Menos de um mês depois do registro as canções nascem para o mundo.

 

Arthur Nogueira constrói sua obra no tempo da poesia, mesmo quando se coloca como intérprete de músicas de outros compositores. Tudo é (aparentemente) muito simples, mas mergulha em águas profundas, sentimentos de revisitar a obra que faz parte de sua formação. Nú com sua música, sozinho com seu violão, Arthur traz joias pouco lembradas da obra de Caetano, como a faixa que abre e batiza o disco. A letra de “Sucesso bendito”, lançada por Maria Bethânia em 1984, diz: “Quantos gestos de amor / Nosso canto tornou possíveis / Como o canto é capaz / De ler sonhos os mais incríveis”.

 

O álbum segue desvendando Caetanos pouco ouvidos: “Pronta pra cantar”, “Guiletta Masina”, “Tempestades solares”, “Drama”, “Estou triste” e “José”. Também esbarra em músicas mais conhecidas como “Menino Deus”, “Eu te amo” e “Força estranha”. Arthur aborda as dez músicas do repertório de maneira minimalista, com um violão econômico, que pontua os versos. A voz vem quase sussurrada, como na intimidade de um tempo que passa sem pressa. Olhando para dentro para ver o mundo.

 

“Caetano é o maior intérprete de si mesmo”, avalia Arthur em post em seu Facebook. “Sei disso, mas topei gravar um álbum sobre a obra dele porque suas canções me dizem o que sou. A cultura é o que nos faz brasileiros, e Caetano é nossa cultura”. Além desse mergulho íntimo na obra de Caetano, Arthur prepara para esse ano mais um álbum, dessa vez com sua própria obra, um desfile de parceiros e outras sensações: “brasileiro profundo”.

 

Por enquanto aparece sozinho em um mundo com a poesia e a canção. “Sucesso bendito” é feito na intimidade, em um quarto na penumbra em tempos de pandemia, quando a arte – mais uma vez e sempre – vem para salvar.

 

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