Fase inicial da carreira de Sandra de Sá, os primeiros discos da cantora estão de volta na caixa Anos 80, produzida por Marcelo Fróes para seu selo Discobertas. Até então inéditos em CD, os álbuns mostram a transição da cantora entre a voz da black music carioca e a frequentadora das paradas românticas das FMs de logo depois.
Sandra Sá – como assinava na época – estrou em disco editado pela RGE em 1980 na cola do hit Demônio colorido propagado pelo festival MPB 80. Nesse primeiro álbum Sandra teve produção de Durval Ferreira e arranjos assinados por Lincoln Olivetti, Perinho Santana, Antonio Adolfo e Serginho Trombone. “Que este primeiro LP seja o impulso para uma carreira que acredito brilhante”, torceu Durval em texto publicado na contra capa. Dois anos depois Sandra lançou novo álbum e emplacou outro grande hit: Olhos coloridos, de Macau. Mas em 83 veio o estouro popular no dueto com Tim Maia em Vale tudo.
Com seu nome em alta no mercado, Sandra se transfere para a Som Livre (na verdade da mesma empresa da antiga RGE) e ganha um banho mais pop pelas mãos de Guto Graça Mello, que assina a produção do disco de 1984. Já apontando em diversas vertentes, Sandra grava músicas de Lulu Santos, Guilherme Arantes e duas parcerias do produtor com Naila Skorpio, ao lado de um medley com pontos de candomblé para Oxum e Oxossi. Duas participações apontam ainda mais direções bem diferentes: os amigos do Barão Vermelho estão em Sem conexão com o mundo exterior, de Cazuza e Frejat; e até a dama do jazz Billie Holiday dá luxuosa canja em I’m a fool to want you.
A edição em CD inclui como bônus Enredo do meu samba, de Dona Ivone Lara e Jorge Aragão. Lançada em compacto, a música foi tema de abertura da novela Partido alto e fez sucesso nas rádios.
Sandra de Sá chegou ao Brasil através da estrada de soul e funk aberta por nomes como Cassiano, Tim Maia e Hyldon. Como muitos desviou seu caminho para o padrão romântico das FMs mas sem nunca abandonar sua alma de black music. Hoje soma grande prestígio junto ao público e seu baile segue a liberdade de uma carreira independente.