Este é o conteúdo da publicaçãoA fase que mais borbulhou criatividade e ousadia na música brasileira foi por volta da década de 70. Com as barreiras recém-rompidas pelo Tropicalismo, uma turma muito livre e esperta – uma cena para usar a linguagem em voga – criou um som de grande impacto que ainda hoje se mostra imbatível. Um dos maiores representantes é certamente o grupo Secos & Molhados, meteoro que revolucionou, apaixonou echocou o país em apenas dois discos.
Corte para 2017. Primavera nos Dentes, nome de faixa do primeiro disco do Secos & Molhados, batiza um projeto que propõe releituras com arranjos contemporâneos para o repertório do grupo. Atualizar o que já nasceu muito moderno.
O ousado projeto traz Charles Gavin – Oficial(pesquisador, baterista, fundador dos Titãs),Paulo Rafael (guitarrista/parceiro de Alceu Valença e fundador da lendária Ave Sangria no Recife dos anos 70), Duda Brack (cantora gaúcha personalíssima que vem chamando atenção na cena carioca), Pedro Coelho (baixo) e Felipe Pacheco Ventura (guitarra e violino). Produzido porRafael Ramos, o álbum se distancia dos registros originais e – justamente por essa ousadia – se aproxima do espírito do Secos & Molhados.
É um disco de rock feito em 2017. E isso mostra como as letras do grupo continuam atuais e interessantes na interpretação vigorosa de Duda. O repertório do grupo passa pelos clássicos “O vira”, “O patrão nosso de cada dia”, “Sangue latino”, “Fala” e “Rosa de Hiroshima”. Mas não se prende aos hits e levanta “Angústia”, “Delírio”, “Doce e o amargo” entre outras delícias.
Banda preparada para o palco, “Primavera nos dentes” teve lançamento nas plataformas de streaming pela Deckdisc e uma edição em vinil.
“Bailam corujas e pirilampos entre os sacis e as fadas”.