Multiplicar-se única. Chamando atenção desde o título, a cantora paulista Regina Machado lança CD com olhar amplo para obra de Tom Zé. Editado por seu selo Canto Discos com distribuição da Tratore, o álbum tem produção e arranjos de Dante Ozzetti, além de participações de Suzana Salles e Wandi Doratiotto. Uma turma que sabe o que faz.
O senso comum – sempre assustado com o que é diferente – taxa que Tom Zé é difícil. Pura mentira, preguiça. Tom Zé é criança criativa que deixa solta a imaginação para criar histórias, comentar a vida e brincar à vontade. Fato: não aceita regras, não vê limites. Mas também é certo que para cantar Tom Zé não pode ser qualquer um. Nessa obra não cabe imitação, não cabe burocracia. Regina Machado sabe disso. Foi como vocalista na banda do compositor baiano que ela iniciou sua carreira no início da década de 80. Esse disco é a continuação de uma história, um reencontro.
Estudando Tom Zé – o repertório é amplo. Traz desde o grande clássico hino de amor a São Paulo Augusta, Angélica e Consolação – juntando Suzana Salles e Wandi Doratiotto – até criações mais recentes como João nos tribunais. Regina traz Tô (parceria com Elton Medeiros) e a bela e rara O amor é velho-menina. Abre com Lua-gira-sol e fecha com Solidão. No caminho ainda traz Menina Jesus e Complexo de Épico.
Além de cantora, Regina Machado é mestre em música pela Unicamp. Sua tese sobre a Vanguarda Paulista virou livro. Seus discos também trazem sabedoria e sensibilidade – na frente da acadêmica, está a artista. Cantando Tom Zé com humor, malícia e inteligência, Regina Machado abraça essa obra como sua. O título do álbum – e também da segunda música – já deixa claro: Multiplicar-se única.