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Revista do Samba mostra obra em CD autoral

Trio paulistano com passaporte carimbado em diversos países, o ótimo Revista do Samba lança seu quinto CD. No álbum Samba do Revista traz basicamente repertório próprio, composto pelos integrantes Beto Bianchi, Letícia Coura e Vitor Trindade e parceiros. O álbum tem lançamento independente com patrocínio do Proac.

A estreia fonográfica do Revista do Samba aconteceu com um CD editado na Alemanha em 2002 (e um ano depois no Brasil) com clássicos do gênero. Desde então o grupo vem dividindo a carreira entre São Paulo e lugares como Paquistão, Marrocos, França, Holanda e Áustria. Em 2006 lançaram CD e livro com histórias do Bexiga, bairro reduto do samba paulistano. Já em 2001 foi a vez de encontrar o grupo francês Tante Hortense de Marselha em Hortênsia du samba.

Com produção do baixista e arranjador Paulo Lepetit (músico ligado ao movimento da Vanguarda Paulistana), o novo disco segue a mesma receita da fundação do grupo: bebendo na tradição dos mestres, e atualizando com linguagem moderna e humor. Mas agora basicamente com repertório próprio e inédito. As misturas caem no samba em Garotas apimentadas, parceria de Vitor e Letícia com Adriana Capparelli: “Alecrim, manjericão, red hot chili peppers / funk com baião, spice girls / pode ser um hip hop / ou um samba canção”.

As longas viagens também são tema recorrente no repertório, cultivado ao longo de doze anos. Causos da estrada aparecem: “E se o mundo é mesmo um pandeiro / Abre a roda / Que o negócio é rebolar”, cantam em Mais uma cidade. A viagem ao Oriente rendeu brincadeira com o fuso horário em Kamzahammidá enquanto em Rasta-pé no cercadinho pedem ajuda a Oxalá para driblar costumes e mulher tocar cavaquinho no Paquistão.

São Paulo aparece na recriação de Esquenta Bloco Kambinda, de Seu Maninho da Cuíca. O autor também é homenageado (e participa) em A cuíca do Maninho, essa de Osvaldinho da Cuíca. O humor urbano vem em Aum: “Eu vou fazer meditação / Em pé apertada espremida no lotação”. A vida na grande cidade também é tema da irresistível Gravata colorida, com adesão do rap de Zinho Trindade.

A química do Revista do Samba é especial. O grupo brilha em releituras, sempre acrescentando novidades, e também agora mostrando sua digital nesse álbum autoral.

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