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Roberta Sá busca o atemporal

Roberta Sá segue seu caminho nos ritmos tradicionais brasileiros no novo álbum, Delírio. Lançamento do selo MP,B com distribuição da Som Livre, o disco mantém vitoriosa parceria da cantora com o produtor Rodrigo Campello e traz inéditas com assinatura de Adriana Calcanhotto, Martinho da Vila, Rodrigo Maranhão entre outros.

Com capa em preto e branco, Roberta Sá fez um disco mais maduro, menos pop. Não perde a jovialidade de sua voz, mas segue caminhos delicados sem riscos, em esquinas do passado que passam por sambas e choros sem tempo. Um bom gosto de antigamente para uma cantora que ousa oferecer esse tipo de beleza a seu público jovem. Roberta busca o atemporal em sua carreira, e Delírio – ao contrário do que o título pode insinuar – é um disco sem pressa.

Das onze faixas oito são inéditas que Roberta buscou no conceito desenhado por ela: canções de amor sob o ponto de vista feminino. E a lista de compositores mostra essa desenvoltura da cantora em dialogar com artistas de gerações diferentes. Entre as novidades traz desde uma composição de Martinho da Vila (o choro Amanhã é sábado, com participação do autor), Adriana Calcanhotto (Me erra), Rodrigo Maranhão (Feito carnaval) e Rafael Rocha (Delírio). Cézar Mendes aparece três vezes: com Tom Veloso assina Um só lugar, ao lado de Capinan traz Não posso esconder o que o amor me faz enquanto da parceira com Arnaldo Antunes vem Se for pra mentir – que ganhou luxuoso dueto com Chico Buarque.

Entre as releituras Roberta fugiu do óbvio e seguiu o conceito do disco. Brasil e Portugal se encontram nos sotaques musicais de Covardia, composição de Ataulfo Alves e Mário Lago recriado com participação de António Zambujo. Da obra de Baden Powell com Paulo César Pinheiro pescou a belíssima Última forma. Levantando para dançar, Roberta fecha o disco com uma inédita parceria sua com Xande de Pilares em Boca a boca.

Tendo o samba e afluentes como fio condutor, Roberta Sá faz bela carreira abraçando a música brasileira. Aqui, em álbum mais clássico, dispensa os flertes com eletrônicas, para fazer seu Delírio clássico e atemporal. Belo disco para ser apreciado sem pressa.

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