Cinco anos depois de um ótimo disco de estreia, a cantora e compositora Ana Clara Horta dá sequencia a discografia com Dialeto. Viabilizado por financiamento coletivo, o álbum tem lançamento pelo selo Rob Digital.
Boa compositora, Ana Clara Horta apresenta nove músicas inéditas sempre em parcerias com Gabriel Pondé, João Bernardo e Miguel Jorge – algumas vezes todos juntos, outras alternando companhia. A voz, clara e calma, está a serviço do texto. A poesia, afinada e precisa, conduz o álbum de roupagem moderna. “Pela estrada afora / O que levo dentro traz / Alento / Beleza discreta / E algo mais”, canta logo na primeira faixa, Algo mais. É um disco de harmonias inteligentes, variado em ritmos mas sem perder sua linha.
O longo hiato entre os dois trabalhos pode ser estranho em um cenário musical de consumo tão rápido e feroz. Mas foi o tempo da artista acumular 28 músicas inéditas e pinçar essas nove escolhidas para o disco. O resultado é um álbum bem trabalhado, de ritmos e ideias. A base traz Ana Calara (voz e violão), Fernando Caneca (guitarras e violões), Mario Moura (baixo) e Pitito (bateria). Somam participações como as de Marcos Suzano (percussão), Alberto Continentino (baixo), João Vianna (bateria) e Stépane San Juan (percussão) entre outros.
Dialeto é disco rico que não se presta a consumo rápido. Foi feito para ser saboreado como um livro de poesias. O último verso deixa o tempo no ar: “Eu chego já”.