Segundo definição da própria artista, Verônica Sabino pisa no passado para olhar o futuro. Esse é o conceito que norteia seu novo DVD, Esse meu olhar… lançado (também em CD) pela parceria do selo MP,B com a Som Livre e o Canal Brasil. O show tem direção da atriz Stella Miranda e o vídeo de Darcy Burger. No palco a cantora recebe para participações Roberto Menescal e Milton Nascimento.
De fato o repertório é de revisão. Verônica parte do samba-canção e faz uma trajetória até o Clube da Esquina para falar de suas influências. Mas em tudo há sua digital contemporânea. Verônica é rara intérprete que desenvolveu uma marca própria em seus arranjos – basicamente a partir de longa parceria de músicos como Sérgio Chiavazzoli (guitarra, vocais) e Marcos Suzano (percussão) – na gravação do DVD substituído por João Hermeto mas com o mesmo clima. A banda que está em cena na gravação, feita no Cultural Bar em Juiz de Fora, completa com Chico Werneck (piano, acordeon) e André Vasconcellos (baixo).
O repertório parte do samba-canção romântico em músicas como Demais, Ouça, Saia do caminho, Por causa de você e Insensatez. Verônica sintoniza influências internacionais com Besame mucho e Kiss me quick, medley que traz incidentais da Jovem Guarda como Eu te darei o céu e Splish splash.
Boa parte do álbum foca no período solar da bossa nova. O balanço pré de Adeus América leva para a Influência do jazz, de Carlos Lyra. A partir daí junta clássicos e recebe a participação de Roberto Menescal em O barquinho, no medley que cola Esse seu olhar e Só em teus braços e ainda no repaginado Samba de verão.
Na hora de visitar a Garota de Ipanema Verônica é mais ousada: insere balangandãs eletrônicos e – aproveitando que está em Minas – junta a eterna musa da bossa com a Garota nacional do pop de Samuel Rosa e Chico Amaral. Ainda celebrando seu sangue mineiro – Verônica é filha do grande escritor Fernando Sabino – aponta para o futuro com um clássico do Clube da Esquina e recebe Milton Nascimento para cantar Nada será como antes, parceria dele com Ronaldo Bastos.
Conhecida do grande público por seus sucessos em trilhas de novela na segunda metade da década de 80, Verônica depois seguiu caminho diferente do padrão das FMs. Em 2007 ousou um álbum eletrônico – ainda não celebrado como a atenção que merece – e a partir daí criou a roupagem eletro/acústica que vem vestindo seus bons trabalhos.
Esse meu olhar… é coerente com esse conceito. A artista rebobina suas referências musicais e filtra com seu olhar contemporâneo.