A voz de Rosa Marya Colin toma conta do ambiente, cantando à capela os primeiros versos de “General da banda”. Essa é apenas a primeira impressão de “Rosa”, novo trabalho da cantora. O álbum chega na parceria do selo Nova Estação com a Gravadora Eldorado. De quebra traz um luxuoso bônus: as dez faixas do disco “Vagando”, lançado em 1980 pela cantora.
A escolha do título é apropriada. “Rosa” é um álbum pessoal, com a forte digital vocal da artista. Mesmo passeando por compositores de praias tão distantes, Rosa Marya traz tudo para seu ambiente blusy. Seja em “É por você que eu vivo” – parceria da cantora com Tim Maia – até “Eu canto esse blues” – inédita de Arlindo Cruz, Rogê e Gabriel Moura – ainda passando por “Giz” – de Renato Russo, Marcelo Bonfá e Dado Villa-Lobos. Blues com sotaque brasileiro.
Lula Barbosa e Celso Prudente assinam “Um blues para Rosa” que diz: “Eu sou a voz de quem segue cantando / Assim / Histórias de amor de todos nós, enfim”. Do amigo Itamar Assumpção ganhou a irresistível “Man”, parceria com Alzira Espíndola. Da baiana Sylvia Patricia Rosa põe voz no suingue de jazz em “Depois das seis”. O compositor Taiguara é lembrado com “Tema de Eva”. O disco fecha a capela com “Alma cigana”, de Edu Rocha e Orlando.
Como generoso bônus a gravadora inclui o álbum “Vagando”. O LP foi lançado em 1980, quando Rosa apresentou ao mundo inéditas de Fátima Guedes (“Dancin cassino”, gravada no mesmo ano pela compositora) e Djavan (“Romeiros”).
Rosa Marya tem uma carreira longa na música, tendo começado na década de 1960. Mas sua voz só ganhou a dimensão merecida quando seu belo timbre tomou os intervalos das TVs em 1988 revivendo o hit “California Dreaming” em uma publicidade. Envolvida com trabalhos no teatro e na TV o novo disco quebra um jejum de 18 anos sem gravar.
Quase 40 anos separam os dois discos incluídos nessa edição. Lado a lado eles mostram uma cantora especial, certa de seu caminho e de seu canto.
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foto: Armando Paiva