A música nova de Luhli

Conhecida por suas parcerias com João Ricardo em sucessos dos Secos & Molhados, e pela dupla que formou com Lucina, a cantora, compositora e instrumentista Luhli apresenta seu novo trabalho autoral. Em Música nova entrega o que promete: produção recente em parcerias com Alexandre Lemos, Lucina, João Gomes, Leo Nogueira e Dhenni Santos.

A história e a música da dupla Luhli e Lucina vêm sendo contada e revisitada. No cinema elas estrelam o documentário Yorimatã, do cineasta Rafael Saar. O filme está sendo apresentado em circuito de festivais, emocionando e colecionando elogios. Pouco antes a obra das artistas mereceu luxuoso álbum-tributo do cantor e compositor Dehnni Santos com direito a inéditas.

Nesse cenário Luhli volta a desenhar notas delicadas e fortes de sua obra. Ao invés de rebobinar sucessos, traz o caminho das boas novidades mostrando a força que sua música mantém. O clima caseiro é o mesmo de sempre. Luhli toca violões, violas, taças de cristal, caixa de corda e tambores – produzidos por ela própria.

A poesia dita regra na letra e na música. “Só posso colher / Nessa madrugada / Amigos meus / Na beira da canção”, canta em Novos horizontes, parceria com Leo Nogueira e Dhenni Santos que abre o disco. Dhenni divide vocais com Luhli nessa e em Regando o mar: “Eu vou é regando o mar / Com a água da canção”. A paisagem natural de Lumiar, cidade na serra fluminense onde a artista vive, é tema deEntre a lei e o lá, que diz: “Vou pisando em estrelas / Com fé na canção encontrar meu caminho”. A rica parceria com Lucina – que já soma mais de 800 músicas – aqui vem em Bossa velha e Tudo de nada. A faixa título encerra o álbum com o recado: “Pra encontrar quem me ouça fiz essa música nova”.

A voz de timbre grave, o som único que tira em seus arranjos, a produção musical artesanal e caprichada. Sem fórmula mas com forte identidade, Música nova precisa de outro tempo de contemplação. Não é um disco rápido, mas conquista levando para um lugar todo especial, todo único.