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Álbum duplo traz inéditas de Jorge Mautner

Poucos meses depois de ter seus três primeiros discos relançados em um box, Jorge Mautner olha sua história ainda um pouco mais antiga. O cantor e compositor tem registro de show inédito lançado no CD duplo Para detonar a cidade. O material, com ótima qualidade de som, foi descoberto pelo produtor Marcelo Fróes e lançado por seu selo Discobertas.

A gravação é um registro na íntegra, com mais de duas horas, do show Tira o cavalo da chuva. A apresentação é de 1972, pouco depois de seu retorno de Londres onde esteve com os amigos exilados Caetano Veloso e Gilberto Gil. A mesma temporada daria origem, pouco depois, ao primeiro álbum do artista, Pra iluminar a cidade lançado no mesmo ano.

O novo disco traz o show na íntegra, com espaço aberto para versões longas e até releituras como em um medley que junta Tutti Frutti e Jambalaya com as suas Roses from Baghdad e Anjo infernal (essa no disco já conhecido aparece como faixa individual). Todas as faixas lançadas no disco de 1972 aparecem aqui, mas de forma diferente. Como Estrela da noite, que no disco tinha (longos) quase seis minutos, e aqui aparece ainda maior: com onze minutos de curtições ao vivo.

A maior surpresa, no entanto, são as seis músicas que permaneceram inéditas nesses 42 anos que separar a gravação e o lançamento. Nem o próprio Mautner lembrava da já citada Roses from BaghdadLouca curtiçãoChave de um perdido paraísoMagic hillMedonho quilomboSalve salve a Bahia (essa com forte influência dos tambores do candomblé). “Se tivesse que definir minha música, diria que ela está ligada à dimensão dos gibis, dos cinemas, das televisões e dos asteroides”, filosofa o músico em texto da época que aparece reproduzido no encarte.

O registro mais antigo do inquieto artista vem de um compacto lançado em 1965, assinando como George Mautner. No mesmo ano partiu para os EUA e mais tarde foi encontrar os tropicalistas na Inglaterra, onde rodou o lendário filme O demiurgo. Na volta assinou textos em veículos como Pasquim e Rolling Stone e montou esse show, já em parceria com Nelson Jacobina (violão) – com quem formou dupla criativa até o recente falecimento do músico.

O registro lançado agora em CD duplo não tem dados exatos, mas é atribuído a apresentações no verão de 1972, poucos meses antes do registro oficial, feito em abril do mesmo ano no Teatro Opinião. Jorge Mautner é figura essencial para detonar caretice e iluminar as cabeças. Até por isso esses resgates são importantes no Brasil de hoje.

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