A comemoração dos 70 anos de Alceu Valença rendeu projetos que voltam aos anos 70. O artista está lançando o CD e DVD Vivo! Revivo!, um box com quatro LPs 70 e o CD (também LP incluído na caixa) Saudade de Pernambuco, gravado em 1979 e praticamente inédito.
A base desses lançamentos é a discografia de Alceu na década de 70. Discos que não tiveram o merecido sucesso comercial, mas hoje são cultuados e disputados em sebos: Molhado de suor (74), Vivo (76) e Espelho cristalino (77). Eles voltam reeditados em vinil 180 gramas em edições cuidadosas que preservam a arte original no box 70, editado pela Polysom.
Já o show Vivo! Revivo! é um dos diversos formatos diferentes de apresentações de Alceu. Fez grande sucesso no festival Psicodália e passou por cidades como Rio de Janeiro e São Paulo antes de chegar ao palco do histórico Teatro Santa Isabel, em Recife, onde foi gravado. O DVD tem direção de Lula Queiroga que usa edição frenética para acompanhar a dinâmica do show, cheio de história, ideias e energia.
Esse repertório foi uma vez classificado por um jornalista americano como “o rock que não é rock” e por Luiz Gonzaga como “uma banda de pífes elétrica”. A mágica mistura da guitarra de Paulo Rafael com as tradições musicais do Nordeste e a energia de Alceu forma uma linguagem única, expressa em músicas como Agalopado, Anjo de fogo, Sol e chuva, Descida da ladeira e Papagaio do futuro.
Vivo! Revivo! é um recorte pouco usual da carreira de Alceu. Tem fôlego para surpreender o público que conhece o artista a partir dos grandes sucessos dos anos 80 e alimenta o grupo que cultua a psicodelia brasileira. Sem nostalgia, trazendo para o presente o show que poderia ter acontecido no final dos 70, Alceu canta no mesmo tom e manteve os instrumentos na formação da banda. Até o figurino é o mesmo, resgatado do acervo guardado na casa de sua mãe e apenas restaurado nos detalhes das fitas coloridas.
Também dos anos 70 vem o registro do quase inédito Saudade de Pernambuco. Gravado em 1979 durante o auto-exílio de Alceu em Paris, o disco foi arquivado e virou lenda. Teve um lançamento tímido, encartado em um jornal no final da década de 90. E agora ganha sua primeira edição pra valer, inclusive com a fotos de capa feita na época e também perdida por muito tempo. O disco vem em vinil na caixa e também ganha edição independente em CD pela Deck.
Além de todas essas novidades, Alceu também está na comemoração dos 20 anos do projeto O Grande Encontro ao lado dos parceiros Elba Ramalho e Geraldo Azevedo. Mas isso é outra história.
O repertório lançado por Alceu Valença nos anos 70 já era maduro e mostra as intenções do artista de transcender rótulos e regionalismo. Suas referências são ponto de partida para uma obra plural (aqui mais do que nunca). Para viver. E reviver.