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Alfredo Del Penho estreia solo em dose dupla

Músico com longa carreira nas casas de shows da Lapa e participação em musicais no teatro com alma brasileira, Alfredo Del Penho é nome conhecido e festejado no cenário carioca. Só agora, com mais de 15 anos de carreira, estreia solo. Mas o músico, compositor e arranjador compensa o tempo com dois CDs simultâneos: Samba sujo e Pra essa gente boa.

Caprichadíssima produção independente os álbuns foram finalizados com financiamento coletivo. Entre os 700 fãs que apoiaram o projeto de Alfredo chama atenção o nome de Chico Buarque – que recentemente em uma canja em um bar carioca convidou Alfredo para um dueto.

No CD Samba sujo Alfredo põe sua voz em repertório muito bem selecionado. Também dando expediente como pesquisador musical, junta raridades de Vinicius de Moraes e Baden Powell (Garota porongondons) e Cartola e Roberto Nascimento (A cor da esperança). O disco é especialmente sedutor quando Alfredo investe em músicas bem humoradas. A deliciosa Meio tom, composição de Rubinho Jacobina e sucesso nos shows de Pedro Miranda, ganha novo destaque assim como a assombrada Do outro mundo, de Sá Roris e Francisco Fernandes e o breque Ladrão de galinha, de Nei Lopes e Maurício Tapajós.

Entre o repertório autoral destaque para Quando te esqueci que Alfredo compôs em 2010 nos bastidores do musical É com esse que eu vou. Também assina FatalidadeChora quando é hora (ambas com Rodrigo Alzuguir), Saudade em paz (com Délcio Carvalho) e Ponto final.

Já o CD Pra essa gente boa é álbum totalmente autoral e instrumental. Entre choros e sambas, Alfredo assina arranjos, toca violões de 6 e 7 cordas e cavaquinho. Em notas que escreveu para o encarte (de ambos os discos), Alfredo dedica músicas aos colegas. Aquele abraço: “Esse samba vai para Moacir Santos, João Bosco e Pedro Paulo Malta”, abre-alas na faixa título, que abre o disco. Paulão 7 Cordas ganha Na batucada com o Paulão, Maurício Carrilho é personagem em Maurício volta a Cuba enquanto Memórias de Paulinho da Viola já traz a inspiração no título.

São discos irmãos que conversam entre si pela digital de Alfredo Del Penho. Na verdade dois (dos muitos) lados de um mesmo artista. Samba sujo e Pra essa gente boa nascem para inaugurar a discografia de um artista que já tem bagagem para criar mais trabalhos.

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