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António Zambujo canta Chico Buarque com intimidade

A obra de Chico Buarque tem incontáveis releituras e homenagens. A mais recente vem do cantor português António Zambujo, que lança o disco Até pensei que fosse minha, oitavo título de sua carreira. Editado no Brasil pela Som Livre, o álbum tem participações de Roberta Sá, Carminho e do homenageado.

Portugal ama e conhece muito bem a música brasileira. O repertório daqui é íntimo do público de lá. Mas só ultimamente alguns jovens e talentosos artistas portugueses tem conseguido maior espaço e conquistado o público brasileiro. Caso de Carminho e António Zambujo, que aqui estão juntos provando afinidades em O meu amor.

Do Brasil convidou Roberta Sá para o afiadíssimo dueto em Sem fantasia, enquanto o próprio Chico Buarque divide o microfone com Zambujo em Joana Francesa. A visão no álbum é ampla. Vai desde o início até o título mais recente da discografia de Chico. Morena dos olhos d’água vem do segundo LP do compositor, lançado em 1967, enquanto Nina é do mais recente, de 2011. No caminho passa por Futuros amantesFolhetimJoão e Maria e uma incrível releitura de Cálice. Zambujo começa cantando a capella (“esse silêncio todo me atordoa”) para chegar a um nervoso duo violão-guitarra (“quero morrer do meu próprio veneno”).

A visita de Zambujo ao repertório de Chico tem arranjos e direção musical de Marcello Gonçalves e inclui participações de seus companheiros no elegante Trio Madeira Brasil (Zé Paulo Becker e Ronaldo do Bandolim), Ricardo Silveira e Marcelo Caldi entre outros.

Tomando para si a obra de Chico, e com propriedade para isso, António Zambujo justifica o disco do álbum. A obra do compositor brasileiro é íntima e ganha novas nuances na interpretação de Zambujo. Muito além da curiosidade pelo sotaque, António Zambujo faz uma bela visita a um repertório que – fica claro – é seu.

 

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