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Bossa de Moreno liga Rio, Bahia e até Japão

Coisa boa é o título e dita o clima do álbum de Moreno Veloso. Na contramão do clima nervoso que toma o país, o compositor traz um repertório de bossas contemplativas, unindo Rio e Bahia em sua música. Primeiro álbum solo no Brasil – Moreno tem um disco ao vivo lançado no Japão – tem participações de sua turma de músicos como o co-produtor Pedro Sá.

Moreno circula em um grupo de músicos que busca uma nova cara e propostas mais modernas para a música – em atividade especialmente no Rio, onde vivem. Dessas experiências já surgiu o projeto +2, que em que se revezava na liderança com Kassin e Domênico – os dois presentes no novo álbum.

O músico também assina a produção dos mais recentes trabalhos de Caetano Veloso e Gal Costa, discos de linguagem ousada, com guitarras e eletrônicas (caso de Gal) em destaque. Curiosamente seu trabalho solo, produzido pelo guitarrista Pedro Sá, vai no extremo oposto, é zen e contemplativo. Não é grande surpresa para quem ouviu o CD lançado no Japão, em show dedicado a Dorival Caymmi. Em Coisa boa Moreno vem com a voz tímida guiando violões, percussões e até caixinha de música.

O clima está na faixa título, que nasceu como melodia que Moreno usava para ninar seus filhos e depois ganhou letra de Domênico. Também em Lá e cá, que abre o disco com os versos “Vez em quando eu me pego sozinho a cantar / Uma melodia pra me ninar”. Até o final, em parceria e duo com a cantora japonesa Takako Minekawa: “É o mesmo céu mas são pessoas diferentes que estão vendo”, diz a tradução da letra no encarte.

A bossa moderna guia o álbum elegante, mas um samba de roda pode surgir em Um passo à frente, parceria com Quito Ribeiro que já havia sido gravada anteriormente por Gal Costa em 2005. Do mesmo álbum de Gal, Moreno também retoma Hoje, que batizou o trabalho da cantora. Ele ainda desvia da bossa com Em todo lugar, pop balançado nas guitarras de Maurício Pacheco , Pedro Sá e Arto Lindsay. A música evidencia que a voz curta de Moreno não é problema.

“As sonoridades todas nasceram do gosto que tenho pelo modo como meus amigos tocam os instrumentos, participam dos arranjos e trabalham na parte técnica com carinho e cuidado nas gravações, na mixagem e na masterização”, explica Moreno no texto que apresenta o CD. “É isso o que eu procuro e é isso que me faz feliz quando vislumbro ter alcançado nesse meu novo disco”, comemora o artista.

Com silêncios e sutilezas, Moreno Veloso cria atmosfera lúdica em Coisa boa. Trilhando um caminho que vem de berço para ele, que nasceu em Salvador e foi criado no Rio, Moreno navega um delicioso passeio por águas mornas em um fim de tarde.

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