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Caixa junta discos de Joyce Moreno

Quatro discos lançados por Joyce Moreno (na época assinando apenas Joyce) entre 1980 e 1985 estão reunidos na caixa Joyce Anos 80. Reedições caprichadas de Marcelo Fróes para seu selo Discobertas, a coleção traz dois discos lançados pela EMI e mais outros dois independentes. Os álbuns voltam com encarte com letras, fotos e textos contextualizando.

A coleção começa com o álbum Feminina, que tornou o nome de Joyce popular em todo o país através de sucessos como a faixa título e Clareana. Trouxe também para sua voz composições suas que haviam feito sucesso com Elis Regina (Aquela mulher) e Maria Bethânia (Da cor brasileira). Desse disco vem o tema Aldeia de Ogum que, na década seguinte, seria descoberta por antenados DJs ingleses e virou hit. Esse álbum já havia sido lançado em uma caprichada reedição na comemoração de seus trinta anos. Mas na caixa é valorizado ainda por cinco faixas bônus com Antônio Adolfo, Francisco Mário e o grupo Viva Voz.

O disco seguinte é Água e luz, lançado em 1981. Sem o mesmo orçamento do anterior, o disco trocou as cordas pelos incríveis vocais do Céu da Boca em duas faixas. Passam ainda pelo disco a cantora Lizzie Bravo e Sivuca no Samba de Gago. A música Monsieur Binot foi o grande hit com os versos “Bom é não fumar / Beber só pelo paladar / Comer de tudo que for bem natural / E só fazer muito amor / Que amor não faz mal”. No Brasil teve apenas uma edição digital na série econômica 2 em 1, junto com o anterior.

Sem contrato com gravadoras, os dois álbuns seguintes foram produções independentes, com distribuição tímida mas sem abrir mão da qualidade. Em 1983 vem Tardes cariocas que somou forças de participações de Ney Matogrosso e Egberto Gismonti (em quatro faixas). O disco rendeu elogios e convites do Japão e tem edições em CD por lá e pela Europa. No Brasil permaneceu até então inédito no formato. Assim como o sucessor, Saudade do futuro.

Esse disco foi feito a convite de José Mauricio Machiline para seu selo Pointer. A participação especial ficou com Milton Nascimento, que dividiu os vocais de Tema para Jobim com Joyce. Parceria dela com Gerry Mulligan, foi parar na trilha sonora do filme O Jogador, de Robert Altman anos depois. Os arranjos de Gilson Peranzzetta incluem teclados na levada orgânica de Joyce. O disco olha para a frente em músicas como Velhos no ano 2000 (divertida versão da beatle Whem I’m 64), Povo das estrelas e Ziriguidum 2001.

Depois desses discos Joyce emplacou por aqui álbuns em homenagem a Vinicius de Moraes, Tom Jobim e relendo seus hits. A carreira seguiu com sua música se firmando como bandeira que viaja o mundo mostrando o Brasil que dá certo. Hoje suas novidades são geralmente editadas no exterior e algumas chegam por aqui com atrasos de dois ou três anos.

A caixa fotografa um capítulo da história. Antes vieram os flertes com a bossa e os festivais. Depois o respeito no exterior e a carreira sólida em tours anuais entre Japão, Europa e EUA. Uma parte de uma obra grande e genial que merece mais atenção – e mais projetos como esse – em seu próprio país.

 

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