A obra de Cartola tem merecido tratamento de luxo na caixa Todo tempo que eu viver, reunindo dois álbuns de carreira e uma coletânea inédita. A edição traz o selo histórico Discos Marcus Pereira em um lançamento da Universal Music.
Os dois discos mais importantes da carreira de Cartola são recuperados com ótima remasterização e cuidadosa arte gráfica mantendo a original e somando letra e bom texto assinado por Eduardo Magossi.
Compositor com sucessos já eternizados no mundo do samba, Cartola só lançou seu primeiro disco em 1974, aos 65 anos. Com o sucesso do álbum, dois anos depois veio um segundo que além das antigas apresentava as inéditas As rosas não falam e O mundo é um moinho – essa, como revela o texto, marcou a estreia de Guinga em uma gravação. Nesse par de discos estão os grandes clássicos de Cartola interpretados pelo próprio autor. Músicas que resistem ao tempo e se tornaram clássicos. A partir daí Cartola pode se sustentar apenas de sua arte.
O terceiro disco é uma compilação inédita juntando gravações de Cartola entre 1967 e 1976 em discos de outros artistas ou projetos especiais. O material – recolhido entre o acervo das gravadoras Copacabana, Tapecar, Odeon e Marcus Pereira e da Editora Abril – traz encontros com Elizeth Cardoso, Clementina de Jesus, Odete Amaral, Nelson Cavaquinho, Carlos Cachaça, Conjunto de José Menezes e Canhoto. São ao todo dez faixas que estavam soltas e formam belo painel da época. Histórico e emocionante ouvir esses encontros.
Cartola é capítulo essencial na história do samba. Seu repertório riquíssimo continua vivo e rendendo releituras. Essa viagem aos originais – e aqui eles estão muito bem recuperados e cuidados – é motivo de festa.