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Carlos Navas desenha delicadezas com sonoridade acústica

O cantor paulistano Carlos Navas mostra sonoridade acústica para repertório de compositores contemporâneos em seu décimo trabalho. O CD Crimes de amor, lançamento independente com distribuição da Tratore, soma participações de Filó Machado e Jane Duboc.

Intérprete de afinação precisa, Navas busca em sua discografia construir um painel contemporâneo a partir da obra de compositores instigantes e relevantes. Dessa vez sua voz faz par com cama delicada desenhada por violões, contrabaixos e viola.

Cuidadoso, no encarte Carlos Navas inclui notas sobre cada uma das canções e dedicatórias. Pasa Cássia Eller oferece Quanto tempo o tempo tem, de Alzira E, Jerry Espíndola e Anelis Assumpção. Para Jean Willys e Serena Assumpção, Navas dedica Avesso, pérola do ótimo compositor baiano Marco Vilane. Já Alaíde Costa é lembrada em Esse nosso amor, parceria de Filó Machado com Pedro Marcio Agi e com participação do incrível e mágico violão de Filó. Outra presença/presente fica no dueto do cantor com a bela voz de Jane Duboc em Óbvio, de Fátima Guedes.

Passam ainda composições de Luiz Tatit (Sem destino, que abre o álbum), Lucina e Etel Frota (Transeunte marginal), Claudio Nucci e Paulino Tapajós (O espantalho), Tunai e Sérgio Natureza (Nadando no seco), Rodrigo Leão (Amor irracional) e Dorival Caymmi e Jorge Amado (Retirantes). Como bônus traz Ícaro, parceria de Fred Martins e Marcelo Diniz já gravado pelo cantor e aqui recuperado de sua participação no programa Ensaio. Quebrando o clima acústico do disco segue mais um extra com um remix de Isso não vai ficar assim, de Itamar Assumpção, em dueto com Lady Zu.

Em ambiente elegante e discreto, Carlos Navas faz em Crimes de amor um repertório sofisticado mas totalmente palatável. Alinhando a obra de compositores inspirados, mostra um painel que fotografa boa produção – e pouco ouvida – na música brasileira.

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