A fossa de Lupicínio Rodrigues ganha coletânea que comemora o centenário do compositor gaúcho. No álbum Cadeira vazia – Lupicínio Rodrigues 100 anos, lançado pela Universal Music, um time amplo de intérpretes interpreta alguns de seus grandes sucessos.
Com seleção de repertório de Maysa Chebabi e bom texto de Sérgio Crusco, o álbum recupera fonogramas de diversas épocas. A música de dor-de-cotovelo fez sucesso em boates e rádios, mas foi deixada de lado com o surgimento dos acordes modernos e ensolarados da bossa nova. A obra de Lupicínio, que fez grande sucesso, caiu em esquecimento. Mas foi recuperada na década de 70, revivida até mesmo pelos tropicalistas.
A coletânea traz nomes de diversas fases. Desde Dalva de Oliveira (Há um Deus), passando por Angela Maria e Cauby Peixoto (Exemplo, em gravação de 1981) e Elza Soares (quebrando tudo como de costume em Se acaso você chegasse). Passa por gerações de sambista como Moreira da Silva (Meu pecado), Beth Carvalho (Nunca) e Paulinho da Viola (Nervos de aço). E ainda brilhou nas vozes inteligentes de Elis Regina (Maria Rosa e Cadeira vazia), Dóris Monteiro (na leitura jazzy de Vingança) e Maria Bethânia (Foi assim e Loucura).
Mas também traz a turma tropicalista surgida nos Festivais da Canção e adeptas da guitarra elétrica. Caetano Veloso aparece com sua leitura para Felicidade, enquanto Gilberto Gil vem zen em Esses moços (pobres moços). Gal Costa está no clássico Volta e também em Um favor.
Se a fossa foi encoberta pelo sol da bossa, a obra de Lupicínio Rodrigues resiste eterna por sua qualidade. Sem surpresas ou ousadias, esse novo CD celebra o centenário do compositor com um bom retrato de sua obra.