Cantor e compositor carioca, Dhenni Santos (que antes assinava Denilson Santos) se alimenta da rica obra da dupla Luhli e Lucina em seu segundo CD. Em Pedra de rio, lançado pelo selo Mills Records, ele reúne parte da imensa e riquíssima obra das artistas, incluindo inéditas.
Com técnica e afinação, Dhenni escreve seu nome na obra das artistas. A dupla tem em Ney Matogrosso seu maior intérprete, mas também foi gravada por artistas como Marília Pêra, Nana Caymmi, Wanderléa, Frenéticas, Tetê Espíndola entre outros desde o início da década de 70. Mas pela primeira vez ganhou um merecido tributo, resgatando a obra e o nome das artistas, que hoje seguem carreiras individuais vez ou outra se esbarrando em projetos especiais. Essa história será mostrada em um documentário que está sendo produzido pelo cineasta Rafael Saar com depoimentos e imagens de arquivo.
No CD elas voltam a se encontrar. Luhli e Lucina dividem com Dhenni Santos a pesquisa de repertório, que resultou em 20 músicas. E assinam, os três juntos, a inédita Samba da risada com participação de Lucina. Já Luhli assina e divide com Dhenni outra nova: Nunca. Os três juntam vozes em Viola de prata.
O arsenal musical de Luhli e Lucina tem um timbre todo próprio, formado por instrumentos acústicos, incluindo tambores artesanais fabricados pelas próprias artistas. Dhenni não mergulha nessa sonoridade e opta por arranjos grandiosos (divididos entre Daniel Drummond e Felipe Radicetti) com grande músicos e ainda um naipe de cordas e um de sopros. O luxo do projeto fica claro desde a primeira música, quando Dhenni entra pisando forte em Flor lilás.
Passam outras músicas que faziam parte do repertório clássico do duo como Pedra de rio, Bugre e Coração aprisionado. Mas a homenagem se estende a carreiras individuais e abre para parceiros diversos. Lucina assina com Paulinho Mendonça (Amanhã) e Zélia Duncan (Cometa). Já Luhli aparece com Alexandre Lemos (Regando o mar e As horas). A belíssima Ao menos fecha o disco. Composição da dupla que fala sobre o final da parceria, foi gravada pela primeira vez por Lucina em 2007: “O que importa é ser inteiro até o fim”.
Na cena independente dos anos 70 Luhli e Lucina fizeram sucesso e seguiram juntas por mais de 20 anos. Com uma obra imensa e comparativamente poucos – mas geniais – discos, a dupla merece ouvidos mais atentos e curiosos. Ponto para Dhenni Santos que preparou essa homenagem reunindo uma fatia desse repertório e dessa história.