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Esse tal de Odair José

Se na década de 70 o rock de Rita Lee e Paulo Coelho brincava apelidando Odair José de “o terror das empregadas” por seu repertório popular, hoje o cantor lança um disco… de rock. Em Gatos e ratos, apresenta dez inéditas em tom inconformado.

É essencialmente um disco de contestação – e isso não deveria ser surpresa na carreira do artista, que brigou com gravadoras e enfrentou problemas com a censura levantando temas polêmicos. Mas entrou para a história como artista romântico. A história começa a mudar quando sua obra é descoberta por jovens artistas que lançaram um disco tributo em 2006. Nesse novo pique retomou a carreira, lançou o álbum Dia 16 e agora, um ano depois, segue o tom roqueiro em Gatos e ratos.

Nada muito diferente, o discurso de Odair continua direto, fácil e corajoso. Em Segredos canta “O caminho do céu passa perto do inferno”. Quatro décadas atrás o título poderia remeter a imagens sensuais, mas A cor do pecado dá cutucadas em política, meio ambiente e sociedade. Em Cobrador de impostos toca em ferida aberta “Olha eu aqui de olho no seu bolso (…) Sou eu, sou eu / O cara que você elegeu”. É a única parceria do disco, Odair assina com Junior Freitas que na banda toca guitarra, baixo, teclado e piano. O próprio Odair toca outra guitarra.

O som é cru, som de banda. Segundo o próprio Odair, a inspiração vem do álbum McCartney, primeiro lançamento solo do ex Beatle. O Odair José do mercado independente – sem pressões de gravadora e tesouras da censura – é bem diferente, mas essencialmente é o mesmo compositor que toca sem cerimônia em assuntos tabu. Aumenta que isso aí é pra se ouvir com atenção e curiosidade.

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