Arquivos

Khalil é trovador questionador com poesia certeira

Armado com um violão e versos afiados, o cantor e compositor Khalil apresenta seu primeiro álbum. Com produção assinada por Alê Siqueira, “De cara pro vento” tem lançamento do selo Maiangá Discos em parceria com a Dubas Música.

 

Hoje com 25 anos e vivendo em Sorocaba (SP), Khalil chamou atenção do fotógrafo e produtor Sérgio Guerra em um vídeo voz e violão que viralizou na internet com a composição “Quem é Deus?”. A música está no disco assim como outros questionamentos de sua lavra. Khalil pergunta, instiga, cutuca e expõe seu lado. “É floresta de pé e fascismo no chão”, brada em “A revolução dos bichos”. Nessa ainda sonha e propõe: “Mas eu quero mesmo é ver a gente sendo bicho / Tomando a fazenda, derrubando a granja / Para instituir república dos bichos / Bichos, bichas e quem mais vier pra dança”.

 

Nada escapa das lentes de Khalil: sincretismo religioso, ancestralidade, existencialismo, política e até amor… “Canto pra fazer barulho, canto pra te incomodar, se fosse pra ser bonito cantava la la la la”, entrega em “Botas imundas”, que inclui trechos de declarações inacreditáveis para quem não viveu no Brasil dos últimos anos. Na última faixa, colocada como bônus, eterniza o movimento “Ele não” na crítica certeira: “Ele é a faca que matou Katendê / Ele é a bala em Marielle / Ele é o ódio à flor da pele / Ele é o sangue na favela / Ele é o mal”.

 

Como um trovador boêmio e moderno, a música de Khalil nasce no violão, nas ideias e nas observações do artista. Para o disco esse material bruto foi trabalhado com maestria por Alê Siqueira que fez a obra crescer sem perder sua identidade. O núcleo está presente o tempo todo guiando “De cara pro vento”: a voz e o violão de Khalil que tem ecos do nordeste, dos mestres tropicalistas, do batuque dos terreiros. Com a alma das música na frente de tudo, o álbum foi gravado em apenas três dias na sala do apartamento de Guerra em Lisboa.

 

Celebrando a miscigenação, a democracia e a diversidade, Khalil é voz necessária nesse louco 2020. Khalil canta a liberdade, a democracia, o respeito. Ele sim.

 

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *