Nove anos depois do primeiro CD, o cantor, músico e compositor Luciano Salvador Bahia lança Abstraia, baby, editado pelo selo Dubas com distribuição da Universal Music. No novo disco apresenta onze músicas e tem participações de Eduardo Dussek e Ava Rocha.
Com humor e linguagem própria, Luciano é compositor de músicas que se destacam no repertório de Márcia Castro (Vergonha e Queda) e Celso Fonseca (Queda). Nesse novo álbum retoma Vergonha e soma novas surpresas divertidas como Aposto e A noite de ontem nunca aconteceu, onde adverte: “A vida acontece no espaço entre o punk e o samba de raiz”. E essa vida cotidiana é matéria prima para as composições de Luciano.
A sintonia com Eduardo Dussek é nítida no Tango do mal, que fala sobre um cantor em busca de sua prateleira no mercado. Já a voz ímpar de Ava Rocha aparece em Não precisa, que estabelece comunicação direta com clássicos da música brasileira: “Eu sei de cor um velho samba me ensinou / A dar a volta por cima”. A coleção de citações segue com Madame gente fina, deliciosa história que remete a Pra que discutir com madame de Haroldo Barbosa e Janet de Almeida. Mas aqui madame é vencida: arranja a luxuosa companhia de uma mulata e muda de tom. Já em Voo das onze brinca com Adoniran: “Mas graças a Deus / Decolo amanhã / Pra longe daqui / Eu vou ver Jaçanã”.
Em um disco totalmente autoral, Luciano tem apenas dois parceiros. Um dos destaques do disco é o samba Nem venha, composto com a cantora Claudia Cunha , que volta aos mestres citando Noel Rosa, Cartola, Dorival Caymmi, Cartola, Jorge Benjor, João Gilberto e Clementina de Jesus. Já em Maciota, que fecha o disco, está ao lado de Fabiano Xavier.
A música de Luciano Salvador Bahia desenha crônicas interessantíssimas. Com personalidade, o compositor cria uma obra livre que não descuida do roteiro. Para acompanhar letra e música.