Cantor de voz potente e envolvente, Marcos Lessa apresenta seu primeiro álbum, Entre o mar e o sertão. Já editado de forma tímida no Ceará – estado natal do artista – em 2014, o disco ganha distribuição digital pelo selo Artesanal.
Marcos teve exposição nacional quando participou da segunda edição do The Voice Brasil. Ovelha negra no reality foi – ao lado de Lucy Alves – nome que levou a música brasileira para a competição. Carismático, impressionou o país com sua voz grave e aveludada. A referência direta é Emílio Santiago, honrosa escola de canto que ele não nega. Basta ouvir sua interpretação para O morro não tem vez, de Tom Jobim e Vinicius de Moraes.
Além desse clássico Marcos segue intérprete de releituras para O último pau de arara, que abre o disco, e Eu quero é botar meu bloco na rua. Da parceria de Fagner com Fausto Nilo gravou Último trem. Fagner é convidado que junta voz com Marcos em um emocionante dueto na bossa Contrassenso. Outra participação fica com a cantora paraibana Flávia Wenceslau, parceira de Lessa em Andaluzia.
A faixa que batizou o disco tem assinatura do cearense Evaldo Gouveia com Paulo César Pinheiro, que presenteou Lessa com a canção inédita. O disco tem repertório plural e não aponta um caminho para a carreira. Mas como compositor Marcos mostra veia romântica, caso de Trilha de cinema. Sua Poesia flor é um samba desenhado com metais, mais uma vez remetendo a Emílio, enquanto Tua casa sou eu tem roupagem de jazz.
A produção caprichada remete aos grandes discos de música brasileira do passado – referência para o cantor que aponta nomes como Elis Regina, Gilberto Gil, Caetano Veloso, Milton Nascimento, Ednardo, Gonzaguinha e Belchior.
Morando no Rio de Janeiro, Marcos Lessa faz shows na cidade e prepara um disco com o repertório de Gonzaguinha, com produção assinada por Daniel Gonzaga – filho do compositor. Fica de Entre o mar e o sertão a certeza de um ótimo intérprete, com grandes possibilidades artísticas.