Apoiada em sua ginga pessoal, Mart’nália vem mais uma vez com um DVD ao vivo. Leia na camisa da cantora: “Em samba! Me criei”, remetendo ao título do novo trabalho, Mart’nália em Samba! Ao vivo. Fruto da parceria do Canal Brasil com a Biscoito Fino, o roteiro do show traz o que promete: uma seleção plural de sambas (e algumas ousadias) com a carismática artista criada em casa de bamba.
Mart’nália vem de um disco de estúdio que a aproximou do pop. Mas o público queria mesmo seu bom e velho samba, e é o que a cantora oferece fartamente agora no show gravado no Imperator (Rio). O som é muito perfeito, o que tira um pouco o calor do “ao vivo”. As imagens mostram o público animado se espremendo na grade, mas o que se ouve beira a limpeza de um CD.
O roteiro é amplo, passando por músicas já marcadas em discos e – principalmente – shows de Mart’nália como Cabide, Boto meu povo na rua e Pé do meu samba. Também abre espaço para clássicos do samba como Acreditei, Coração em desalinho, Volta por cima, Saudosa maloca, Feitiço da vila, Quem te viu, quem te vê entre muitos outros. A seleção de compositores contemporâneos é mais modesta, visitando a obra de Marcelo Camelo (Samba a dois), além de duas bônus gravadas em estúdio: Sinto lhe dizer, de Moska e Tem juízo mas não usa, parceria de Lula Queiroga e Pedro Luis que batizou em 2009 o álbum de Queiroga. Aqui volta com participação de Pedro Luis.
O show tem direção do pai Martinho da Vila, que participa do bloco final alinhando sucessos como Madalena do Jacú, Casa de bamba, Nhem nhem nem e Segure tudo. Outro convidado traz mais surpresa: o rapper Emicida chega para por na prática a mistura do clássico Chiclete com banana, de Gordurinha e Almira Castilho. Seguem ousados e pops em Quero ver a quarta-feira, do próprio Emicida. É o trecho em que o DVD areja mais ares de novidade.
Carismática e simpática, Mart’nália conquista seu público com sorriso largo e interpretação malandra charmosa. Tipo de cantora que nem depende do que canta para fazer um bom show. Tem incrível presença de cena, comunicação com o público e jeito natural de quem está fazendo música entre amigos. Assim ela leva seu samba, plural e animado.