O centenário do samba tem rendido bem vindas coletâneas e também inspirado novos trabalhos. O excelente grupo carioca Nó em Pingo D’Água volta ao disco muito bem no CD Sambantologia, lançado pela Biscoito Fino.
O Nó é um patrimônio carioca com quase 40 anos de atividade. Hoje o grupo é formado por Celsinho Silva (percussão), Mário Sève (sopros), Rodrigo Lessa (bandolim e violão) e Rogério Souza (violão). No álbum contam com a participação de Romulo Duarte (baixo) em oito das nove faixas. Sempre transitando entre o samba e o choro, a novidade do novo álbum é o recorte escolhido pela diversidade. Diferentes vertentes do samba passam pelo prisma do grupo.
O disco abre com o primeiro samba registrado no país, o centenário Pelo telefone, de Donga e Mauro de Almeida. Ao longo de nove faixas vai até a Bahia de Caymmi em Samba da minha terra, até a Vila Isabel de Noel Rosa e Vadico (Conversa de botequim), ao samba-canção de João de Barro e Alberto Ribeiro (Copacabana), a bossa nova de Tom Jobim e Newton Mendonça (Samba de uma nota só) e até o samba jazz de Moacir Santos e Mário Telles (Nanã).
O Nó em Pingo D´Água conta a história do samba a partir de seu ponto de vista. A seleção pode até parecer um mero amontoado de clássicos. Mas a interpretação do Nó, em arranjos escritos por Rodrigo Lessa, dá unidade ao trabalho, sempre com a cara do grupo. Aí está o grande valor desse CD, que mostra que o samba centenário pode ser reinventado e respirar novidades. Um samba de várias notas, várias nuances e várias caras.