A voz aveludada de Agostinho de Santos, veterano cantor que abraçou a bossa nova no primeiro momento, ganha mais uma caixa pelo selo Discobertas. Na nova coleção, batizada Bossa Nova volume 2, o produtor Marcelo Fróes reuniu quatro discos lançados entre 1962 e 1964.
Seis meses depois do primeiro box – que recuperou discos lançados entre 1958 e 1961 – a coleção segue reeditando álbuns lançados originalmente pela gravadora RGE. Dessa vez a coleção pega Agostinho em carreira internacional, depois do sucesso de suas gravações na trilha sonora do filme Orfeu negro na Europa.
O primeiro disco do box é A presença de Agostinho, lançado originalmente em 1962 – mesmo ano no antológico show no Carnegie Hall que apresentou a bossa nova ao mundo. Nesse álbum Agostinho canta composições da dupla Evaldo Gouveia e Jair Amorim como Uma vez mais, Lourdes e Eu e tu. Faixas bônus trazem músicas lançadas entre abril e dezembro daquele ano em discos de 78RPM e compacto já totalmente na nova onda com clássicos como O barquinho, Samba de uma nota só e Desafinado.
Em 1963 lançou dois discos: Agostinho dos Santos canta boleros famosos e Mais boleros famosos. No primeiro tem arranjos do maestro Erlon Chaves e algumas versões em português, e no seguinte é acompanhado por Elcio Alvarez e é cantado em espanhol. No repertório dos dois clássicos do gênero como Noite de ronda, Aqueles olhos verdes, Vereda tropical, Solamente uma vez e Noche de luna.
O álbum lançado em 1964 traz texto assinado por Ronaldo Bôscoli e sete parcerias dele com Roberto Menescal: A morte de um Deus de sal, Vagamente, Telefone, Rio, Amor a 120, Negro e Além da imaginação. Com arranjos divididos entre Erlon Chaves e Meirelles, é um disco totalmente com o balanço jazz da bossa nova, trazendo ainda Pra que chorar, de Vinicius de Moraes e Baden Powell, além de parcerias de Lula Freire (Luiz Fernando Freire nos créditos) com Menescal, Durval Ferreira e Luiz Carlos Vinhas.
Transitando com desenvoltura e inteligência em diversos cenários, Agostinho dos Santos foi voz bela que marcou a música brasileira. A bem vinda coleção do Selo Discobertas recupera a obra de um grande artista, hoje injustamente pouco ouvido.