Arquivos

O Quarteto em Cy abre janelas para hoje

O Quarteto em Cy lança novo álbum despois de um hiato de dez anos. Janelas abertas, produção caprichada de Ruy Quaresma para seu selo Fina Flor, comemora a longevidade do grupo mantendo as características mas sem parar no tempo.

“Imagina o artista num anfiteatro / Onde o tempo é a grande estrela”. Os versos de Chico Buarque serviram de mote para, em 1994, o Quarteto em Cy comemorar 30 anos de carreira. Mais duas décadas de estrada e a imagem continua fazendo sentido. O Quarteto em Cy chega em 2016 renovado mas sem perder a essência. Bossas e sambas elegantes continuam nas afinadas vozes – da formação original seguem Cynara e Cyva, agora com a companhia de Corina e Keyla. A entrada de duas novas integrantes não alterou a afinidade do grupo, que no álbum conta com belíssimos arranjos vocais assinados por Cynara, Eloi Vicente e Bia Paes Leme.

O repertório do novo disco traz quatro inéditas, todas mantendo o nível dos clássicos. Vim dizer que sim, de Marcos Valle e Celso Fonseca, abre o álbum e faz homenagem ao compositor Durval Ferreira. A letra é o recado da vez: “Hoje eu vim dizer que sim / Hoje eu vim mostrar quem sou / Qualquer coisa tô aí / Pode me chamar que eu vou”. Joyce Moreno mandou para o Quarteto a bela Cartas da vida, Dori Caymmi e Paulo César Pinheiro mostram Mudança da lua e João Donato e Ronaldo Bastos Rios marinheiros.

As releituras voltam aos autores que sempre fizeram parte da história do Quarteto: Tom Jobim (com Vinicius na faixa título Janelas abertase Aloysio de Oliveira em Samba torto), Chico Buarque (Futuros amantes) e Maurício Tapajós e Aldir Blanc (Querelas do Brasil, sempre atual). O afro-samba Tristeza e solidão soma a voz de Zélia Duncan e violão de Marcell Powell, filho de Baden – parceiro de Vinicius de Moraes na composição. O eterno amigo Carlos Lyra se junta ao Quarteto em O negócio é amar, dele e de Dolores.

A capa tem ilustração do artista plástico Cesar Villela, responsável pelas históricas e modernas artes do selo Elenco. Em nenhum momento o disco soa saudosista. A luz é contemporânea e muito elegante. O Quarteto em Cy quebra um hiato de dez anos sem disco abrindo suas janelas para a beleza de um grupo que, com 52 anos de estrada, se mantém importante não só pela história, mas também pelo que produz hoje.

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *