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O relicário sertanejo de Jaime Alem

O Brasil rural, sertanejo, está nas cordas de Jaime Alem. Depois de três décadas acompanhando e participando efetivamente do processo criativo em elogiados projetos de Maria Bethânia, Jaime lança seu segundo CD solo. O músico e arranjador se apresenta cantando suas composições no belíssimo Meu relicário, lançado pela Biscoito Fino.

A ótima cantora Nair Cândia – esposa do maestro e com quem ele lançou três discos em dupla – aparece como convidada em quatro das treze faixas do álbum. E sua bem vinda presença faz sentido, em um disco de clima acolhedor e familiar. O relicário do artista traz nos sons de sua viola “uma caixinha de música com tudo que mais amo”, como explica poeticamente no encarte.

No álbum Jaime, que iniciou sua carreira no interior de São Paulo, assina músicas sozinho e também traz parcerias com João Marcos Alem e Sergio Natureza. Duas únicas releituras aparecem em um medley sem jamais destoar: Baião, de Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira, e Baião da penha, de David Nasser e Guio de Moraes, ganham com a participação da Orquestra de Solistas do Rio de Janeiro. Do repertório autoral destaque para a composição que batizou e abre o disco, cantada por Jaime e Nair.

Nesse álbum Jaime diz que revela suas memórias afetivas. Afeto é uma palavra que passa pelo disco, com a riqueza do Brasil do interior. Quando a mídia resolve classificar como sertanejo o pop radiofônico, o caboclo pega sua viola e vai criar modas mais ricas. A música do maestro em Meu relicário é mesmo assim: sofisticada porém simples e atemporal.

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