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O tempo de Andrea dos Guimarães

Em seu primeiro álbum solo Andrea dos Guimarães está nua. É ela quem assina os arranjos, toca piano e canta todas as doze faixas. Em Desvelo, distribuído pela Tratore, ela alinha composições de Chico Buarque, Milton Nascimento, Luiz Gonzaga e até Björk com duas autorais.

Logo fica claro que Andrea está fora de seu tempo – sendo isso uma vantagem. Olhando para dentro, o canto preciso e o piano expressivo dão a liga necessária para alinhar o rico repertório do disco. À vontade, em apenas quatro dias de estúdio, Andrea tem liberdade para reconstruir melodias à sua maneira – caso do clássico baião Asa Branca, de Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira, que vem colado com Seis horas da tarde, de Milton Nascimento, e com citação de Borandá, de Edu Lobo.

O repertório tem clássicos como Retrato em branco e preto, de Tom Jobim e Chico Buarque, e Começar de novo, de Ivan Lins e Vitor Martins. Em todo o caminho Andrea opta pelo passo firme mas doce, delicado. Mas o momento mais íntimo divide com o pai Alcides Nunes, com dueto afetivo em Meus tempos de criança. “Com ele aprendi essa canção, presença quase obrigatória nas festas da família”, revela em nota no encarte. De sua própria obra Andrea traz Ciranda dos meninos, que abre o disco, e Estrada do contorno.

Mineira radicada em São Paulo há quase duas décadas, Andrea tem mestrado em música pela UNICAMP. Seu nome esteve ao lado de grupos como Conversa Ribeira e Garimpo Quarteto. A opção radical por estar totalmente sozinha nesse disco revela mais da artista e pede uma pausa no cotidiano.

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