Fernanda Abreu lança novo CD depois de dez anos sem disco – e doze sem apresentar músicas novas. O tempo é da artista, que chega agora levantando suas bandeiras em Amor geral, lançado pelo selo da cantora, Garota Sangue Bom, e distribuição da Sony Music.
Dez anos de silêncio. Uma década em que o mundo mudou muito, e muito rápido. Ela também mudou, enfrentou problemas pessoais e ficou observando o momento de transformações – inclusive na indústria musical. Fernanda Abreu volta atual, mostrando que nesses anos não adormeceu – ao contrário, continua com seu olhar aguçado, sua música presente e seu discurso afiadíssimo cheio de ideias para dançar. Sempre criteriosa, Fernanda deixa bem clara sua assinatura musical construída em 26 anos de carreira solo.
O aperitivo do disco já mostrou que Fernanda não vinha a passeio. Antes do lançamento, o esquenta ficou por conta do single Outro sim, certa de que ‘a fila anda’: “Sempre haverá outra esquina / Outra beleza, outro cara, outra mina”. Recomeço. E dispara versos importantes que extrapolam o contexto se firmam em tempos de intolerância: “Não é fácil aceitar alguém / E ser aceito pelo outro também”. Deixa pra seguir em frente.
É pop inteligente a mistura de pancadão, balada, samba e funk. Tem África, tem subúrbio carioca, tem som globalizado sem modinha. Lá no finalzinho, na faixa que dá nome ao trabalho tem até um violão de 7 cordas se insinuando no meio da programação eletrônica. O disco vem com direção musical da própria Fernanda e faixas produzidas por Liminha, Wladimir Gasper, Rodrigo Campello, Sérgio Santos, Tuto Ferraz e o coletivo T.R.U.E., formado por Qinho e Gui Marques. “O gigante coração do amor geral”. Quase totalmente autoral, Fernanda divide parcerias nessa jornada de seu íntimo para o público.
Fernanda Abreu quer falar sobre amor em tempos de intolerância e ódio. E prega liberdade. Seu suingue sangue bom volta atualíssimo falando sobre superação, mas sempre pela ótica do amor, do respeito, da tolerância, da diferença. Mais atual – mais urgente – impossível.