Um ano depois de um discreto projeto em tons religiosos, Elba Ramalho está de volta com “O ouro do pó da estrada”. Lançado nas plataformas digitais pela Deckdisc, o álbum tem produção dividida entreTostão Queiroga TQ e Yuri Queiroga.
“Cuida pra não apagar o caminho que eu fiz na areia”, canta em “Na areia” do pernambucanoJuliano Holanda. A estrada de Elba está posta, a história é grande. Ouro pra cultura brasileira, tesouro de ritmos. Nesse patamar em que não precisa mais provar nada, Elba comete mais um disco ousado, cheio de energia criativa. As base vem da raiz e a alma está no mundo, antenada e vigorosa.
Elba Ramalho é intérprete atenta. Busca os mestres de sua tradição, assim como seus ousados contemporâneos sem nunca ter fechado os olhos para as gerações posteriores. Por muitas vezes ela é a voz que avaliza a carreia de jovens compositores. Aqui o produtor Yuri Queiroga assina a faixa-título ao lado do tio Lula – esse nome constante no disco e desde 1982 freqüente na discografia de Elba. Novidade também é o ator e músico George Sauma, que assina “Se não tiver amor”, letra que veste Elba sob medida.
Em “O mundo”, de André Abujamra, dialoga com vozes femininas com participações de Roberta Sá,Lucy Alves e Maria Gadú . Outra voz que esbanja energia no álbum é de Ney Matogrosso, que canta com Elba “O girassol da caverna”, de Lula Queiroga Oficial. O repertório passa por um clássico de Luiz Gonzaga (sensacional versão pesada de “O fole roncou” que fecha o disco), e uma parceria de Dominguinhos com Fausto Nilo (“Além da última estrela”). Elba descobre uma preciosidade pouco ouvida de Belchior, “Princesa do meu lugar”e recria o hit “Girassol” (de Toni Garrido, Da Ghama, Lazão, Bino Farias e Pedro Luís).
Sem se repetir, Elba dança livre entre sua história e seus olhos abertos para o mundo. “Ouro do pó da estrada” é celebração de uma carreira bem sedimentada, consagrada. Elba é artista que não precisa provar nada, mas se atira corajosa no mundo.