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Patricia Mellodi canta Torquato Neto em show

“Tropicália, bananas ao vento”. O mais radical movimento moderno da música brasileira é revivido na geléia geral de Patricia Mellodi. Em seu novo show a cantora e compositora se dedica ao repertório do poeta piauiense Torquato Neto. O show Anjo torto estreou nessa terça, 4 de novembro, reabrindo a programação musical no Teatro Cândido Mendes (Rio) e segue temporada no mês de novembro.

Palco de vozes alternativas, o pequeno e charmoso teatro de arena recentemente reaberto leva a um outro tempo. Em um hoje recheado de fórmulas, regras e a ditadura do politicamente correto a poesia tropicalista de Torquato é ainda renovadora e oxigena ousada. Fora do eixo, Patricia busca no ontem o eterno amanhã. Investe nas parcerias de seu conterrâneo com nomes como Gilberto Gil, Caetano Veloso, Luis Melodia, Edu Lobo e Jards Macalé. Ela abre o show com densa com Mamãe coragem para terminar quebrando tudo numa performance rock and roll, quebrando tudo em Let´s play that. Na estreia o bis trouxe o pop leve de Go back, hora do público levantar, cantar junto e celebrar o que viveu ali em pouco mais de uma hora. “Só quero saber do que pode dar certo / Não tenho tempo a perder”.

   O espetáculo, com direção de Márcio Trigo, mistura música, poesia e teatro. O cenário traz projeções assinadas por Claudio Fernandes que se completam a música. A banda que acompanha Patricia tem Emerson Mardhine (baixo e direção musical), Pedro Costa (guitarra e violão) e Élcio Cafaro (bateria). É a base para Patricia se mostrar grande intérprete, encarando repertório cheio de nuances como em Geléia geralDomingou e Louvação. Mas também se destaca em momentos mais suaves como o duo voz e baixo que encanta em Pra dizer adeusou a versão blues para Três da madrugada. Mesmo para quem conhece a carreira autoral de Patricia o show reserva uma grande e grata surpresa, com a cantora totalmente imersa no universo do tropicalista.

Além do espetáculo multimídia, o espaço abriga uma verdadeira vivência com a obra e o tempo de Torquato. Duas exposições na área externa do centro cultural trazem fotos e poesias do artista. Antes do espetáculo começar, dentro do teatro ainda é exibida a exposição digital TN ambientando o espaço.

Depois de dez anos de pesquisa para um disco que planeja com a obra de Torquato, o show ganhou vida antes. A tempo de comemorar os 70 anos que o poeta completa (afinal, poetas não morrem) em 9 de novembro, Patricia Mellodi propõe um mergulho nessa obra rica do artista inquieto. Anjo torto recupera e valoriza o compositor, juntando as músicas mais importantes de sua trajetória e contando sua importante história “na geléia geral brasileira que o Jornal do Brasil anuncia”.

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