Em seu segundo disco a cantora paranaense Simone Mazzer viaja até Paris para encontrar a black music. Em parceria com o grupo francês Cotonete, Mazzer põe sua voz forte e quente em um álbum que traz o balanço jazz-funk. O ritmo de sotaque norte-americano esteve em voga no Brasil na década de 70 e ainda encontra por aqui grandes representantes.
O grupo francês, com dez anos de estrada, segue essa linguagem vintage revisitada. A formação traz Florian Pellissier (teclados), David Georgelet (bateria), Jean Claude Kebaili (baixo), Farid Baha (guitarra), Franc Chatona (sax), Benoit Giffard ( trombone), Christophe Elliot Touzalin e Paul Bouclier (trompetes). O primeiro encontro com Mazzer foi em 2012, mas a parceria efetiva aconteceu quatro anos depois.
O repertório mistura músicas brasileiras e internacionais. Do repertório de Wanderléa – que em seu período pós Jovem Guarda mergulhou na black music – traz Se você pensa (Roberto e Erasmo Carlos) e Krioula (Hélio Matheus). Sempre fugindo do lugar-comum, o disco recria a Pipoca moderna de Caetano Veloso. Composição da dupla Lulhi e Lucina gravada originalmente pelas Frenéticas, É que nessa encarnação eu nasci manga sai do carnaval para o cabaré sem perder o deboche. Mesmo caminho segue Eu bebo sim (Luiz Antonio e João do Violão). Da realeza do funk brasileiro traz Ela partiu (Tim Maia e Beto Cajueiro) e Onda (Cassiano e Paulo Zdanowski). O passeio de Mazzer e Cotonete passa ainda por releituras de Serge Gainsburg e Björk.
A mistura sonora é irresistível. Depois de um elogiado disco de estreia – que também ganhou prêmios e destaque em trilhas de novelas – esse novo trabalho é inusitado e surpreende positivamente. O baile de Mazzer e Cotonete é delicioso.