Zeca Baleiro, Naná Vasconcelos e Paulo Lepetit se encontram em Café no bule. Com aroma brasileiro, a receita junta uma gama variada de ritmos e balanços no álbum coletivo lançado pelo Selo Sesc.
O encontro nasceu anos atrás quando Zeca Baleiro e Lepetit dividiram a produção de um álbum com o encontro de Naná e Itamar Assumpção, que teve suas gravações interrompidas e só foi lançado após a morte de Itamar. Deu repercussão. Eles seguiram criando, tocando e gravando até que agora registraram as parcerias a convite do Sesc.
A presença de Naná Vasconcelos é – a mais – nítida na criativa percussão e na riqueza de ritmos que passam pelas composições. Zeca Baleiro traz seu pop com ideias e talento para criar letras e melodias irresistíveis. Lepetit soma com temperos de liberdade da vanguarda paulistana. O trio se multiplica nos instrumentos e assina quase todas as músicas. Exceções aprecem em Caju, de Naná com Vinicius Cantuária, e a vinheta Eu vim foi, de Zeca e Lepetit.
“Batendo bola em Luanda / Cantando semba em Angola / Eu toco com minha banda / Meu batuque quilombola”, cantam em Vou de Candonga colocando em poesia a miscigenação proposta no disco. Criações coletivas e livres, sem amarras. Juntando afoxé, coco, samba de roda, xote, batuque… a música dos três transcende rótulos.
Um vem do Maranhão, outro de Pernambuco, e outro de São Paulo. Os três soam universais. O encontro produz uma música que é de qualquer lugar, é dos três estados, é do Brasil. Experimental sem deixar de ser popular, Café no bule é exercício de arte, de trocas e de somas.