São Paulo é cenário cosmopolita, celeiro de novidades e experiências. A cena paulistana reserva boas surpresas como o grupo Os Amanticidas, que lança CD batizado com o próprio nome. O álbum foi gravado com apoio do Proac e tem distribuição da Canal 3.
Pós-tropicalistas, filhos da lira, mergulham na máxima de Rita Lee, que diz “eu bato samba de guitarra”. A base d’Os Amanticidas é o samba, mas entram elementos rock, pedais, efeitos… desmonta as regras para celebrar a tradição. O caminho mais fácil em um arranjo nunca é o do grupo que brinca o tempo todo com surpresas e o inesperado. Liberdade para ousar.
Reverenciando a tropicália e a vanguarda paulistana trazem um baiano e um paranaense. Tom Zé está em casa em Pisadeira. Arrigo Barnabé aparece performático no transviado samba Traste. A produção do álbum é assinada por Paulo Lepetit – que já trabalhou com Itamar Assumpção, Cássia Eller, Ney Matogrosso, Chico César entre outros. Itamar, aliás, é a citação explícita no batismo da banda a partir de uma música de seu segundo disco.
Tendo esses mestres como referência, o som d’Os Amanticidas não é cópia de nada. O liquidificador mistura influências, a vida urbana, as idéias nas nuvens, e parte para um som próprio burilado ao vivo com vigor da banda, que tem quatro anos de estrada.
Nove das dez músicas são do grupo. Apenas em Quero me casar estabelece parceria com Carlos Drummond de Andrade. O baixista, vocalista e principal compositor Alex Huszar transforma em música um poema que o escritor lançou quando estava na casa dos 20 e poucos anos – idade média dos integrantes da banda. Além de Alex, Os Amanticidas é formado por João Sampaio (guitarras, cavaquinho e bandolim), Joera Rodrigues (bateria) e Luca Frazão (violão de sete cordas).
As referências dão a pista para um som vigoroso, curioso e instigante. Processadas ideias e sons, Os Amanticidas dão suas cartas. Para ouvidos abertos, olhos curiosos e mentes limpas.