Paraíbana de Campina Grande, a cantora e compositora Val Donato quebra de cara a expectativa. Ao invés da sanfona e zabumba – rica tradição de sua cidade – ela aparece com as guitarras pesadas do rock and roll. Com a mão pesada estreia com o CD Café amargo, que tem participação de Leoni e aval de Chico César.
A primeira e imediata referência é com Cássia Eller. Voz grave e rasgada, presença forte e rock unem as duas artistas. Val não procura se distanciar em momento nenhum, seguindo o mesmo caminho, alternando rocks e baladas em seu repertório. O conterrâneo Chico César endossa a artista estreante: “Essa cantora chegou de Campina Grande chutando a porta”, comemora o artista. “Ela não tem medo nem teria motivos pra isso. Preparadíssima, está pronta para voar alto, longe e muito. Ouse ouvi-la”, recomenda.
Ousadia e confiança: o álbum com doze faixas é totalmente autoral. Em Jornal de ontem assina parceria com Michelle Lira, enquanto em Nem tanto, nem tão pouco está com Toni Silva e Felipe Alcântara. Guitarrista e produtor do álbum, Giordano Frag divide autoria de Casos noturnos. Val oferece em Cargas ótimo dueto com Leoni. O CD também inclui Casos noturnos, trilha do filme Tudo que Deus criou, de André Costa Pinto. E ela resume: “Amor eu só canto pra que você goste”, repete em Pra que você goste, passeando pelo samba sem sair do rock – mais um paralelo com Cássia.
Com oito anos de carreira, Val Donato foge de estereótipos regionais. Criada na cidade conhecida por brigar pelo título do maior São João do mundo, Val sintonizou sua arte em uma frequência de rebeldia rock and roll. Contemporâneo e cosmopolita, Café amargo traz essa surpresa e leva para o país a força da artista.