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Obra de Chico Buarque costura história de três mulheres

Chega ao Rio o espetáculo Palavra de mulher, estrelado por Lucinha Lins, Tânia Alves e Virginia Rosa. O roteiro junta músicas de Chico Buarque, entrando na série de homenagens aos 70 anos do compositor. A temporada carioca acontece de quinta a domingo no Teatro Maison de France até o dia 8 de junho.

O roteiro, muito bem costurado pelo produtor e diretor do espetáculo Fernando Cardoso, monta uma história a partir das letras de mais de 20 músicas. A habilidade do autor em traduzir a alma feminina com poesia é a matéria prima para esse recorte sensível e por vezes inesperado, misturando grandes sucessos com outras menos conhecidas. Uma por vez as personagens vão sendo apresentadas através da obra de Chico Buarque. Começa com Virginia Rosa, segue para Tânia Alves e chega em Lucinha Lins. Todas excelentes em cena: iluminadas, engraçadas e afinadas, seja interagindo ou em números solo.

Apesar de ter um roteiro e personagens, o espetáculo também tem um lado de show, quando Tânia Alves e Lucinha Lins saem de seus papéis para falar sobre a relação das duas com a obra de Chico Buarque e o teatro. Tânia Alves lembra que foi o próprio Chico quem a levou para gravar seu primeiro disco. Já Lucinha conta que Chico e Edu Lobo compuseram o Tango de Nancy durante os ensaios de O Corsário do rei. A personalidade das três cantoras também aparece, não fica escondido atrás dos papéis.

Lucinha Lins e Tânia Alves já são nomes conhecidos e consagrados do teatro musical brasileiro – muito antes da recente onda desse tipo de espetáculo as duas já se multiplicavam entre os papéis. A surpresa fica com a participação de Virginia Rosa, que confirma veia teatral que sempre mostrou em sua carreira de cantora. Especialmente no início, quando cantava na banda Isca de Polícia, de Itamar Assumpção. Isso fica claro desde o início, quando canta Teresinha ou quando insere um texto em Meu namorado. Tânia tem grande momento em Sob medida, enquanto Lucinha encara com emoção a forte Atrás da porta.

As cantoras são acompanhadas por um excelente jazz-trio ao vivo, com direção musical e arranjos de Ogair Junior (piano e acordeon), Robertinho Carvalho (contrabaixo) e Ramon Montagner (bateria e percussão). O cenário, também idealizado por Fernando Cardoso, é simples e chique e tem papel importante na ambientação do clima de cabaré.

Nome já íntimo do teatro – atualmente em duas outras peças em cartaz no Rio – Chico Buarque é muito bem representado pelas três artistas em cena. Palavra de mulher navega entre a peça e o show amarrando histórias e canções inesquecíveis. Um roteiro para se cantar junto.

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