Popular cantora americana de jazz, Stacey Kent confirma sua paixão pela música brasileira no CD The changing lights. Já editado no mercado internacional desde setembro de 2013, seu décimo álbum ganha agora versão nacional pela Warner Music.
Stacey conheceu a bossa aos 14 anos, com o clássico álbum Getz / Gilberto. Em sua carreira os nomes de Jobim, Vinicius e Baden sempre estiveram presentes no repertório, como explica Zuza Homem de Melo em texto escrito para o encarte do CD, agora traduzido na versão brasileira. Ainda antes desse álbum, Stacey gravou um disco em parceria com Marcos Valle, registrado durante show na casa carioca Miranda.
The changing lights não chega efetivamente a ser álbum inteiramente de compositores brasileiros, mas sim de alma. Com voz doce, divisão esperta (marcando influência de João), canta em inglês clássicos da bossa como One note samba e How insensitive. Ainda balança na Estrada branca de Jobim e Vinicius (aqui The happy madness passeia pelo Central Park), O cantador de Nelson Motta e Dori Caymmi (Like a lover) e Seu encanto, de seu parceiro Marcos Valle com Pigarrilho (The face i love). Em bom português pega O barquinho com participação da guitarra do autor Roberto Menescal. O bêbado e a Equilibrista aparece em versão instrumental para abrir o clássico Smile de Charles Chaplin.
O álbum também traz composições originais, três da parceria de Kazuo Ishiguro e Jim Tomlinson – esse produtor, arranjador, marido e parceiro musical da cantora. Do poeta português Antonio Ladeira canta A tarde e Mais uma vez, ambas também em parceria com Jim. Já com o escritor francês Bernie Beaupère, Jim assina Chanson légère, pura bossa.
The changing lights segue trilha já bem conhecida, mas nunca desgastada, do encontro da bossa com o jazz. A cantora americana se destaca pela real intimidade com o ritmo brasileiro e pela desenvoltura com a língua portuguesa. Mesmo quando não traz nomes locais no crédito, a música de Stacey é mais brasileira do que muito que se ouve por aqui.