Sons da Bahia ancestral se misturam aos da contemporânea sem perder o balanço (da rede). Membro do trio Gilsons, Fran – nome artístico adotado por Francisco Gil nesse trabalho – estreia solo no álbum “Raiz” trazendo essa mistura em uma boa safra de canções temperadas com inteligência e talento.
A grande família de Gilberto Gil dá bons frutos que nascem e crescem em um ambiente próximo de diversidade, cultura e informações. Tudo isso está no disco de Fran, com produção dividida entre Pablo Bispo, Ruxell e Sergio Santos. A receita desenvolvida para esse trabalho é sedutora e irresistível. Pra evoluir junto e deixar bater o “Coração tambor”, música que abre o disco já com sua carta de intenções: “Um toque ancestral / Revela também o futuro”. A viagem proposta passa por músicas deliciosas como “Eu mais tu” e “Denguinho”.
O disco tem participações especiais. Gilberto Gil fecha o álbum em “Afro futurista”, em um sincretismo total que é a semente tropicalista: “Escuta essa voz que não vai calar”. Na envolvente “Divino amor” quem aparece é Caetano Veloso, “andando de mãos dadas de Ondina até o Pelô” em um refrão perfeito para cantar junto já na primeira audição. A faixa título foi composta em parceria com Russo Passapusso (do BaianaSystem), que também participa cantando com Fran na mistura de tambores pop. O produtor Ruxxel está em “Leve axé”.
Cantando para seus orixás em casa, Fran fez um disco irresistível. Pra seguir junto no mesmo ritmo dançando, cantando, festejando.