Cantora, compositora e violonista carioca, Gabi Buarque está lançando “Mar de gente”, seu terceiro disco. O álbum tem belos arranjos assinados pelo bandolinista Luis Barcelos.
Em pleno isolamento causado pela pandemia, o título afaga, dá força para lutar e aglomera sentimentos. A faixa que batiza e fecha o álbum junta esse mar de gente com um coro de cantoras: Áurea Martins, Nina Wirtti, Mariana Baltar, Silvia Duffrayer e Thais Macedo. “E quem não viu há de ver / O outro lado da história vencer / A verdade não tarda a nascer / Nossa luta vai prevalecer”, garante a letra com esperança. É samba que elas querem, é samba que elas fazem. “Este samba também procura dar voz a todas e todos que foram silenciados pelo Estado”, conta Gabi no release. “Essa luta é nossa. Somos um mar de gente”, completa.
Gabi Buarque lembra um Brasil poético e musical, delicado e amoroso, que resiste mesmo com toda truculência da realidade. “Um samba de reza nasceu em mim”, canta na letra de “Samba rezadeiro”, parceria com Roberto Didio, que abre um álbum repleto de belezas. O samba abre alas para um desfile que passa por xote, cantiga, flerta com o fox e até balada com sabor pop.
O disco – plural, feminino – traz parcerias com Socorro Lira, Marina Sereno, Angélica Duarte e Silvia Druffrayer – essa também participa em “Morena do mar”. A voz de Áurea Martins e o piano de Cristóvão Bastos aparecem – sublimes – em “Concha”.
A música de Gabi vem de Pixinguinha, de Chico Buarque, da Escola Portátil de Música, do choro, do samba. Vem de um Rio de Janeiro que lembra sua gloriosa tradição musical, seu sotaque cultural, sua riqueza maior. “Mar de gente” é uma viagem no tempo – que prova que a tradição segue viva e ativa – sem esquecer a atual crônica de um país.