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Graziela Medori relê álbum clássico de Caetano Veloso com ares de rock

A cantora paulistana Graziela Medori se joga no desafio de reler um clássico: o álbum “Transa”, lançado por Caetano Veloso em janeiro de 1972. Cinquenta anos depois, “Transando o Transa” chega ao mercado pela gravadora Kuraup com arranjos que carregam nas guitarras.

 

Pisando em terreno minado. Na hora de transitar por um álbum que atravessa cinco décadas sem perder sua força, Graziela se junta na produção ao guitarrista Rodrigo Ramos para criar um ambiente com ares de rock. Isso fica claro desde a introdução de “You don’t know me”, que abre o trabalho, e vai até “Nostalgia”, última música. “Transando o Transa”, aliás, segue exatamente na mesma ordem as sete faixas de “Transa”.

 

Gravado durante o exílio em Londres, “Transa” é – segundo o próprio Caetano – um álbum orgânico, gravado quase como se fosse ao vivo. Ao lado de Jards Macalé, Tutty Moreno, Moacir Albuquerque e Áureo Souza, Caetano misturou letras em inglês e português, referências que juntam a Bahia e Londres. Disco que entrou para a história, também traz em seu folclore as participações de Gal Costa e Angela Ro Ro – que, aos 22 anos e sete antes de lançar seu primeiro LP, também vivia em Londres e aparece tocando gaita em “Nostalgia”.

 

A Londres que influenciou Caetano despertou a atenção de Grazi. Foi em 2017, andando pelas ruas da mesma Portobello Road que inspirou Caetano, que ela descobriu o álbum que agora relê. Se Caetano flertava com baião, afoxé, capoeira e reggae, as referências seguem aqui cinquenta anos depois. Mas Graziela vai ainda mais fundo na alma roqueira, com força e energia.  A cantora parte do original para acrescentar sua própria viagem, que inclui samples e programações pilotadas por João Bolzan. Completam a banda Pedro Michelucci (bateria e percussão) e Eduardo Bolzan (baixo).

 

“Transa” é o quarto álbum individual da carreira de Caetano. “Transando o Transa” é o quarto trabalho de Graziela Medori – artista criada em berço cultural, filha da cantora Claudya e do baterista Chico Medori. Os cinquenta anos que separam os dois trabalhos fazem a ponte. “Transa” segue moderno e importante e até por isso – tropicalistamente – está aberto para novas releituras. “Transando o Transa” é essa celebração pulsante de 1972 em 2022.

 

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