Influenciada por um grupo que cercou e interagiu com João Gilberto nas redes sociais – até hoje ninguém sabe ao certo se era o próprio – a cantora Hanna abraçou o repertório do cantor e em 2015 lançou um disco em homenagem ao amigo virtual. Quatro anos depois ela repete a dose e lança o segundo volume de “O amor é bossa nova”, dessa vez um álbum duplo com 23 música do mestre.
Com belos arranjos jazzy assinados pelo pianista Dodô Moraes, Hanna requebra com graça em “Aquarela do Brasil” e “Tin tin por tin tin” e entra no clima “um cantinho um violão” em “Corcovado”. O repertório vai desde clássicos da bossa nova (estão lá “Triste”, “Você e eu”, “Eu sei que vou te amar”) até composições mais recentes que passaram no crivo de João como “Desde que o samba é samba”, de Caetano Veloso e Gilberto Gil. Compositor bissexto, João autorizou as regravações de suas “Bim bom” e “Hó-bá-lá-lá-lá”.
O recorte de escolher seu repertório nas músicas já gravadas por João Gilberto é ponto de partida para um mergulho fundo porém tranqüilo, sem sustos. João é extremamente criterioso com seu repertório, de aspecto amplo mas coerente. O cantor já gravou desde Rita Lee até Garôto; de Noel Rosa a Lobão, sempre em seu estilo.
Com voz doce e charmosa com uma leve rouquidão, Hanna faz com graça as releituras do repertório de João. Alagoana de nascimento mas com alma carioca, segue seu passeio pela obra do cantor baiano que inventou a bossa nova, quebrou paradigmas e fez de sua obra um dos maiores tesouros do Brasil.