Fafá de Belém levanta bandeiras em “Humana”. O novo álbum, que lança pelo Selo Jóia Moderna, tem produção assinada pelo compositor Arthur Nogueira – artista conterrâneo da Belém de Fafá.
Mas ao contrário do disco anterior, uma viagem brega-moderna pelas estradas musicais paraenses, esse novo álbum é ambientado na vida de uma cidadã da metrópole. “Humana” é discurso de uma mulher contemporânea e urbana transitando entre seus assuntos, dilemas, dores de amores e conflitos modernos. É a passional Fafá quem canta – e vive – aqui. E canta para incomodar, questionar, pra cutucar, pra mandar recado – como ela própria costuma brincar. A alma de Fafá, carregando apenas a maquiagem essencial. Humana, real.
Fafá passou quase dez anos sem entrar em estúdio para gravar um álbum. Em 2015 quebrou o jejum com o excelente e alegre “Do tamanho certo para o meu sorriso”, inaugurando uma bem vinda parceria com o DJ Zé Pedro. Agora, quatro anos depois, surpreende com “Humana”, mais uma dobradinha com o DJ e produtor. Fafá respira verdade e divide cena com uma banda jovem, formada por Zé Manoel (pianos acústico e elétrico), Allen Alencar (guitarra), João Paulo Deogracias (baixo elétrico e synth) e Richard Ribeiro (bateria e percussão).
“Se você achou que ano passado foi intenso / Cê não sabia de nada, inocente”, canta em “Alinhamento energético”, de Letícia Novaes. “Que fase doida / Que ano é esse / O que é que vem depois? / Eu to exausta, eu tô perdida / Já me disseram que só começou”, se posiciona em um dos grandes destaques do repertório. Assim como “Eu sou aquela”, de Joyce Moreno e Paulo César Pinheiro, que faz uma crônica dos relacionamentos: “Eu sou aquela que o homem quer vadia / Mas se o amor se pronuncia / Quer me ver pregar botão”. De Fátima Guedes ganhou a inédita “O resto do resto”: “Me dê o suficiente / Pra ter paz aqui agora / O resto é pra quem precisa”.
Duas músicas já bem conhecidas entram no roteiro com o mesmo discurso atual: “Dona do Castelo”, de Jards Macalé e Waly Salomão, e “Toda forma de amor”, clássico de Lulu Santos que fecha o disco de Fafá levantando sua bandeira de liberdade.
“Humana” propõe um papo íntimo e direto com a artista. Um disco despido de pudores, de retoques, de cortinas. Retrato de uma mulher corajosa, passional, sob medida. Recado de quem não economiza emoções.