As plataformas digitais amanheceram hoje mais geniais, diversas, inteligentes e criativas. Nessa sexta-feira, 11 de setembro de 2020, toda a obra de Itamar Assumpção passa a estar disponível no streaming.
Sete álbuns de Itamar já estavam publicados. Mas o acervo soma agora mais cinco títulos: “Às próprias custas” (1983), “Sampa midnight – isso não vai ficar assim” (1986), “Ataulfo Alves por Itamar Assumpção – Pra Sempre Agora” (1995), e os póstumos “Pretobrás II – Maldito Vírgula” e “Pretobrás III – Devia Ser Proibido”, ambos lançados em 2010 dentro da “Caixa preta”, luxuoso projeto do Selo Sesc com a obra de Itamar em CD.
Os discos póstumos foram finalizados a partir de registros voz e violão deixados por Itamar. Quando concebeu o álbum “Petrobrás – por que é que eu não pensei nisso antes?”, em 1998, Itamar imaginou uma trilogia, assim como já tinha feito em “Bicho de sete cabeças”. Não deu tempo de lançar os outros volumes, mas a partir dos registros feitos em estúdio e das idéias deixadas por Itamar os álbuns foram finalizados. “Petrobrás II” tem produção de Beto Vilares, enquanto “Petrobrás III” ficou a cargo de Paulo Lepetit – antigo parceiro de Itamar.
A obra genial de Itamar Assumpção – que completaria 71 anos no próximo dia 13 – é ponto importantíssimo na música brasileira. A vanguarda paulista – espécie de não-movimento, mas que junta no mesmo chapéu artistas criativos e suas obras livres que circulavam pelos mesmos espaços – é filha da liberdade do tropicalismo e navega no desbunde dos anos 70. Restrito a pequenos selos e circuito alternativo de shows, pouco saiu dos limites da cidade de São Paulo. Ainda hoje é mais ouvido através de releituras de artistas como Ney Matogrosso e Zélia Duncan.
Sem padrões, sem prateleiras, sem etiquetas Itamar Assumpção criou uma obra para o futuro. Mais comentadas no raso do que propriamente conhecidas a fundo, a discografia do compositor merece um mergulho livre de preconceitos e ideias pré-concebidas. Itamar é diferente de tudo que já se ouviu mas ao mesmo tempo deliciosamente palatável e pop para quem chegar com a cabeça aberta e vontade de conhecer o novo – e o novo sempre vem, mesmo que venha de quatro décadas atrás.