A cantora Jacque Falcheti se juntou ao trio Retrato Brasileiro para reler a obra de Noel Rosa no CD “Outras bossas”. Mas aqui o samba da Vila Isabel está diferente, ganhou nova cara no álbum em arranjos que, sem perder o humor do homenageado, navegam por um ambiente com vibrafone (Gabriel Peregrino), guitarra (Guilherme Saka) e contrabaixo acústico (Théo Fraga). Gravado na cidade de Tatuí (SP), o álbum foi lançado – também em formato físico – pela Gravadora Experimental.
Em “Minha viola”, que abre o álbum, a letra ganha uma adaptação e entra na brincadeira: “Tamo aqui nesse momento, olha que situação / É vibrafone, contrabaixo e guitarra parecendo uma algazarra / Mas é samba-exaltação”. A viagem do samba – que pode flertar com o jazz – é sedutora e prende a atenção ao longo do disco.
Além de inovar nos arranjos, o álbum também se destaca pelo repertório que foge dos grandes clássicos para destacar músicas menos ouvidas de Noel Rosa. Entre as dez faixas – doze músicas – aparecem delícias como “Tipo zero”, “Mulato bamba”, “Remorso” e “Estátua da paciência” para fechar com “Quem ri melhor”.
Jacque Falcheti é formada em Música pela Universidade Federal de São Carlos e atualmente cursa MPB/Jazz – Canto Popular no Conservatório Dramático e Musical Dr. Carlos de Campos de Tatuí (SP). Com quatro CDs lançados, turnês no Brasil e exterior, é cantora de voz belíssima, afinação precisa e graça que cai bem no repertório de Noel. O trio Retrato Brasileiro, formado no Departamento de Música da Unicamp, tem trabalho dedicado a pesquisar música brasileira e somar com a linguagem do jazz. Com um EP lançado em 2019, também acumula prêmios e turnês no exterior.
O encontro de Jacque Falcheti com o Retrato Brasileiro nas composições de Noel Rosa mostra que o feitiço da Vila Isabel viaja o mundo e pode ganhar novas roupagens. Ninguém aprende samba no colégio, mas quem é bacharel também pode ser bamba. Eles são.
