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Marcos Sacramento traz novas canções em “Drago”

Cinco anos depois do ótimo “Autoretrato”, Marcos Sacramento lança “Drago”, álbum com doze composições inéditas que mantém o bom nível do anterior. Apostando em sua obra, apresenta um disco de linguagem moderna que conversa com a tradição da música brasileira.

 

Uma visão preguiçosa sobre a carreira de Marcos Sacramento tenta colocar no artista a etiqueta de sambista. Nobre etiqueta, ele sabe. Mas que não define o cantor e compositor com mais de 35 anos de carreira, que abriu sua discografia em 1986 como parte da banda de pop rock Cão sem dono.

 

O novo trabalho, lançado em 2019, traz parcerias de Sacramento com Paulo Baiano (seu parceiro desde o Cão sem dono), Marcelo Caldi, Luiz Flávio Alcofra, Zé Paulo Becker, Mauro Aguiar, Tiago Torres da Silva e Nina Wirtti.

 

Marcos Sacramento se inspira em suas próprias histórias para escrever suas músicas. Os cenários podem ser a Praça Paris (região do centro do Rio) ou uma praia no Mediterrâneo, onde encontra o “muso” da canção que batiza o disco: “Quando vi o sorriso do cara / deitado na areia pra mim / era quase uma ilha, era rara / a imagem de um Aladim”. Pouco depois em “Mãe” canta sua homenagem: “Na beira do tanque / no calor da noite / quanto essa mulher sofreu / pedindo pros seus / estendendo a mão / pelo amor de Deus”.

 

Dedicado a Eduardo Dusek, “Bolero de cinzas” conta a história de uma paixão de fevereiro: “Na sarjeta cantei largadão / sozinho, sem lei / o bode foi tão grande que apaguei”. Parceria com o poeta português Tiago Torres da Silva, a belíssima “Samba sem amor” se aproxima da tradição das rodas de choro.

 

O disco cria uma linguagem musical bem própria. A parceria com os músicos, que assinam de forma coletiva a maioria os arranjos, faz de “Drago” quase uma obra de banda. Marcos está ao lado de parceiros que conhece bem e confia: Luiz Flavio Alcofra (violão), Pedro Aune (baixo), Glauber Seixas (guitarra) e Netinho Albuquerque (percussão). Passam participações de Zé Paulo Becker (violão e arranjo em “Temporal”), Marcelo Caldi (arranjo e piano em “Paris) e Nina Wirtti (duo com Marcos em “Teus olhos (Bolero de cetim)”).

 

“Drago” é mais um corajoso movimento de Marcos Sacramento na direção de suas próprias palavras. Entre os bem vindos projetos que resgatam grandes nomes da música brasileira – que ele conhece e faz tão bem – o artista cria sua obra relevante e contemporânea.

 

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