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Ney Matogrosso lança álbum gravado durante a pandemia

Ele e as canções, o artista e sua forma de expressão mais natural. “Nu com a minha música”, novo álbum de Ney Matogrosso, nasceu durante a pandemia, sem compromisso com shows, sem um tema para nortear. O caminho que pode parecer mais simples: apenas uma lista de canções que gostaria de cantar e nunca haviam entrado em seus roteiros. Lançado pela Sony Music, o álbum começou a ser apresentado como um EP no dia em que o artista completou 80 anos, dia 1º de agosto. Na reta final de outubro, o público conheceu o trabalho inteiro.

 

O palco é o habitat natural de Ney Matogrosso. Desde que surgiu quebrando regras e protocolos no grupo Secos & Molhados, o artista vive em cena, sob luzes mágicas e alvo de olhares encantados. Nos últimos anos sua produção fonográfica também vem do palco: os discos nascem a partir do roteiro pensado para as turnês. A vida seguia esse fluxo com seu “Bloco na rua” viajando o país há um ano, CD e DVD gravados e agenda cheia. Veio a pandemia e pela primeira vez Ney Matogrosso se viu fora da estrada. O caminho levou para o estúdio, com novos protocolos e regras para driblar.

 

Para esse novo trabalho Ney convidou quatro produtores diferentes, cada um ficando com três músicas. Já acostumados a trabalhar com o artista, Sacha Amback, Marcello Gonçalves, Ricardo Silveira e Leandro Braga tiveram liberdade para definir arranjos e formações. E encontraram na força do camaleão Ney Matogrosso o ponto que liga as doze faixas. Ao invés de apontar para lados diferentes, ou justamente por causa disso, a diversidade – mais uma vez ela – se encontrou em Ney Matogrosso.

 

O repertório traz para a interpretação de Ney músicas já bem conhecidas como “Quase um segundo”, de Herbert Vianna, “Gita”, de Raul Seixas e Paulo Coelho, e “Sua estupidez”, de Roberto e Erasmo Carlos. Do repertório do cubano Silvio Rodríguez traz “Mi unicórnio azul”, enquanto na obra do pernambucano Accioly Neto pescou “Espumas ao vento”. Uma canção menos óbvia de Caetano Veloso abre e batiza o trabalho. A letra de “Nu com a minha música” fala exatamente sobre a vida na estrada e traz da década de 1980 versos que confortam 2021: “Vejo uma trilha clara pro meu Brasil, apesar da dor / Vertigem visionária que não carece de seguidor”.

 

De ouvidos abertos e sensibilidade aflorada, Ney Matogrosso sempre está atento ao que ouve em busca de surpresas. Nesse álbum apresenta surpresas como “Sei dos caminhos”, de Itamar Assumpção e Alice Ruiz, “Se não for amor eu cegue”, de Lenine e Lula Queiroga, “Faz um carnaval comigo”, de Pedro Luis e Jade Baraldo, “Estranha toada”, de Martins e PC Silva, “Noturno”, de Vitor Ramil, e “Boca”, de Felipe Rocha. Todas já haviam sido gravadas, mas soam como novidade reverberando com Ney.

 

Ponto fora da estrada, “Nu com minha música” é um capítulo diferente na história recente de Ney Matogrosso, um trabalho especial e com cores diferentes – mas todas se encontrando na luz do artista. Ao mesmo tempo que o álbum chega ao público e vai ganhando novos ouvidos, Ney volta para a estrada com a retomada de sua agenda de shows. O bloco está na rua novamente.

 

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