São sons de um Rio utópico, nostálgico: a bossa nova, o samba. É nesse cenário da cidade maravilhosa que Mart´nália marca seu encontro com Vinicius de Moraes. O novo CD da cantora visita a obra do Poetinha em edição da Biscoito Fino. O trabalho tem produção dividida entre Celso Fonseca e o baixista Arthur Maia.
“Mart’nália canta Vinicius de Moraes” é tão simples quanto simpático. Clima de encontro à tarde na orla carioca. Todo mundo já cantou e gravou Vinicius de diversas maneiras e em várias línguas. Mart’nália entra nesse time em um álbum que o diferencial é seu canto malandro, jovem e cheio de ginga.
O álbum nasceu de uma apresentação especial feita para o festival “Back2Black” em 2013. Desse show Mart’nália manteve basicamente um repertório de clássicos como “Deixa”, “Minha namorada”, “Você e eu” e “Sabe você”. Um tempero pop chega no samba “A tonga da mironga do kabuletê” e volta em “Canto de Ossanha”. Mas no geral o disco é mais fiel ao cantinho e ao violão.
A festa da bossa de Mart’nália soma participações. Maria Bethânia declama “Soneto de Orfeu” antes de Mart’nália entrar delicada no clássico “Eu sei que vou te amar”. A cantora francesa Carla Bruni é simpática na versão bilíngüe de “Insensatez”. Parceiro do Poetinha, Toquinho está presente em “Tarde em Itapoã”. A presença de Vinicius abre e fecha o álbum em duas vinhetas com o “Samba da benção”. “Saravá”!
Mais para Ipanema do que para Vila Isabel, Mart’nália e Vinicius se encontram nesse Rio de tons amenos e agradáveis. Perdidos no tempo cronológico mas juntos na boêmia, na rotina dos bares. Em tempos tão estranhos é sempre bom lembrar que “é melhor ser alegre que ser triste”.