Título obscuro da discografia brasileira dos anos 70, com valores elevados no mercado de LPs, o álbum da cantora Dila ganha nova edição em vinil na Europa.
Com a marca do selo inglês Far Out Recordings – responsável por ótimas edições de música brasileira por lá – o vinil já está em pré-venda. Lançado originalmente em 1971 pela gravadora Cid, a nova edição em vinil 180 está prevista para ser entregue a partir do final de julho de 2019 pelo selo inglês.
O disco traz uma excelente cantora de samba-soul trazendo interpretações inesquecíveis para clássicos como “Madalena” (no mesmo ano da gravação de Elis), “O morro não tem vez” e “Refém da solidão”.
O disco também trazia inéditas como “Fim de papo”, parceria de Arnoldo Medeiros com Fred Falcão. Fred lembra: “Meu saudoso amigo Durval Ferreira pediu uma música para um LP que estava produzindo com uma cantora nova cheia de suingue. Pediu um samba funkeado na mesma levada do ‘Sem essa’, composição que eu tinha feito para o Simonal e tocava nas rádios sem parar. Fiz a melodia e dei pro Arnoldo Medeiros, meu letrista mais constante, por acaso autor do texto da contracapa do disco”, conta. “Nos reunimos no estúdio com Durval – que tocou guitarra – Sidney Marzullo, excelente pianista, e Celinho, trompetista do conjunto do Ed Lincoln, mais o Fernando, baterista. O arranjo foi escrito pelo baixista Romildo. Dila chegou no estúdio senhora da melodia – eu havia mandado uma fita demo cantando ‘Fim de papo’ ao violão. O resultado final ficou maravilhoso”, lembra.
Na contracapa Dila era anunciada por Arnoldo como “uma sambista de primeira”: “Te segura no corrimão pra não cair da escada, que ela vem aí fazendo balançar as estruturas”, avisa com razão. Quem ouve as 12 faixas do álbum encontra uma cantora segura, com suingue próprio e força na voz. Os arranjos são divididos entre o grupo Os Grilos e Durval Ferreira, esse também produtor e guitarrista do álbum.
Do álbum saiu também um compacto, que inclui uma incrível versão de “Wave” não incluída no LP. Outro compacto – sem data – traz as gravações de “Roda da vida” e “Gimbaruê”.
A história de Dila é um mistério. Em blogs na internet corre a informação de que ela haveria morrido pouco depois do lançamento do álbum em um acidente de carro. Mas há uma gravação dela para “Menino velho” lançada em 1976 no álbum “5º Encontro Nacional do Compositor de Samba”.
Também pela internet a edição original de seu único álbum chega a ser negociada por mais de R$ 2.000,00. O relançamento com a grife da Far Out Recordings joga mais luz na voz de Dila.